1841 – 1851

[indexTimeline years=”1841,1842,1843,1844,1845,1846,1847,1848,1849,1850,1851″]

[startIndexSection name=”1841″]

Janeiro

Dia 2 de janeiro – Reabrem as Cortes. Conde da Taipa propõe forma de superação do conflito com Espanha, aprovada no dia 15. Faltava regulamentar o tratado sobre o regime de navegação comum do Douro.

Dia 8 de janeiro – Demite-se o ministro da fazenda Pereira Forjaz, por ter sido rejeitado pelo parlamento respetivo projeto de reforma dos forais, alterando anteriores diplomas de Mouzinho da Silveira. Substituído em tais funções por Manuel Gonçalves de Miranda.

Março

Dia 12 de março – Manuel Gonçalves de Miranda cede a pasta da fazenda ao barão do Tojal e passa para a marinha, gerida até então por Bonfim.

Abril

Dia 5 de abril – Morte de Gonçalves Miraanda – Miranda, até então, Grão Mestre da Maçonaria, vai falecer.

Conflito entre Cabral e Fonseca – Sucede-se então um grave conflito entre a dupla que dinamizava o governo, Costa Cabral e Rodrigo da Fonseca, os quais disputam, o lugar cimeiro do Grande Oriente. O conflito entre as duas estrelas governamentais começara em janeiro, mas, graças à intervenção do próprio Bonfim, reconciliaram-se em 15 de março.

Dia 15 de março – Proposta tributária – A Câmara dos Deputados discute a proposta tributária do governo. José Estevão lança para o debate o conflito entre Cabral e Rodrigo da Fonseca. Há uma resposta direta do próprio Costa Cabral. A proposta de Tojal é aprovada com uma maioria de 21 deputados.

Maio

Demissão do governo – Depois de reabertos os trabalhos parlamentares no dia 25, houve um empate numa votação (38-38) sobre a reconstituição da Guarda Nacional proposta pelo governo, a fim de se extinguirem os Batalhões Nacionais criados quando a Espanha nos ameaçava invadir. Governo apresenta a demissão, apesar de a 29 de maio ter obtido uma maioria (45-38). A Rainha chega a chamar o Duque da Terceira para este formar governo.

Junho

Dia 9 de junho – Governo de Joaquim António de Aguiar. Indicado, ao mesmo tempo, por Costa Cabral e Rodrigo da Fonseca. Cabral conserva a pasta da justiça. Rodrigo da Fonseca fica apenas com a dos estrangeiros. Aguiar acumula a do reino. Vila Real é chamado para a guerra. António José de Ávila aparece na fazenda. José Ferreira Pestana na marinha. É o sétimo e último governo do setembrismo.

Julho

Ataques a Ávila – O novo ministro da fazenda recebe ferozes ataques parlamentares de Garrett e de Taipa (15 de julho e 14 de agosto). Também o atacam cartistas como Ferrer e Seabra.

Novembro

Dia 6 de novembro – Retirados 10% aos vencimentos dos funcionários. Falhava a tentativa de um novo ministro da fazenda, depois das sucessivas experiências do anterior governo nesse lugar (Ferraz, Miranda e Tojal).

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[startIndexSection name=”1842″]

Janeiro

Comissão lisboeta de apoio à restauração da Carta – Estabelece-se em Lisboa uma comissão de apoio a Costa Cabral visando a restauração da Carta, sendo constituída por José Joaquim de Moura Coutinho (deputado e juiz); coronel António da Silva Bastos; Manuel Lobo Mesquita Gavião (deputado); capitão D. António José de Melo; capitão Joaquim Bento Pereira; D. José Maria Correia de Lacerda, então o redator principal do Correio Português.

Dia 27 de janeiro – Pronunciamento do Porto – Restaurada a Carta no Porto, surgindo uma junta provisória de governo, com António Bernardo da Costa Cabral, barão da Ponte de Santa Maria. Marcelino Máximo de Azevedo e Melo e António Pereira dos Reis.

Protestos contra o pronunciamento cabralista – Reunião de senadores em casa do duque de Palmela e de deputados em casa de Atouguia, protestam contra a restauração da Carta. O ministro António José de Ávila pede à Rainha que não dê o habitual passeio, a fim de não ser vitoriada pela restauração da Carta. Na altura, Ávila escreve artigos no Diário e na Revolução de Setembro contra Costa Cabral e Terceira.

Fevereiro

Dia 7 de fevereiro – Governo do Entrudo – Constituído governo sob a presidência de Palmela que acumula os estrangeiros. Joaquim António Magalhães no reino e interino da justiça. Segundo Lacerda, terá armado os descamisados. Sá da Bandeira na guerra. Atouguia na marinha e ultramar. Ávila mantém-se na fazenda. Lourenço d’Oliveira Grijó é nomeado administrador geral de Lisboa. Lacerda considera que os governantes do Entrudo passaram o Rubicão, lançando-se nos braços do puro setembrismo.

Dia 8 de fevereiro – Joaquim Filipe de Soure assume a pasta da justiça; A guarnição do castelo de S. Jorge saúda a restauração da Carta com uma salva de artilharia; segue-se um motim popular cartista.

Dia 9 de fevereiro – Governo du Duque da Terceira – Instituído em 9 de fevereiro, dura até 20 de maio de 1846, 1564 dias. Começa por ser um triunvirato, com Terceira na presidência, guerra e estrangeiros, Luís Mouzinho de Albuquerque no reino e na justiça; e José Jorge Loureiro na fazenda e marinha.

Dia 10 de fevereiro – Restauração oficial da Carta em Lisboa – Restauração oficial da Carta. Mouzinho de Albuquerque foi desde logo atacado frontelmente pelos cartistas. Desde logo enviou o marquês de Fronteira ao encontro de Costa Cabral, ocorrido em Coimbra.

Uma rainha coata – A Rainha em vista da manifestação das províncias do Norte e Centro do Reino, da expressão da mesma vontade, já patente, da maior parte do povo do resto do Reino, e da generalidade da força armada acede ao voto nacional. Com efeito, a base do poder é um vago voto nacional através da expressão da vontade do povo, apenas manifestada pelas câmaras de Lisboa e do Porto, que assim se patenteia, mas sempre de acordo com a força armada que também se mede quantitativamente em expressões de vontade. Estas são as expressões do relatório ministerial, da autoria de Luís Mouzinho de Albuquerque, onde se conclui que as mesmas circunstâncias tornam não somente perigosa, mas completamente impossível a resistência; e toda a procrastinação da decisão da pública ansiedade não teria menos dificuldades, nem menos inconvenientes. Este relatório, com efeito, dá a entender que a Rainha se acha coata.

Dia 10 de fevereiro – Poder constituinte aos deputados – Decreto de 10 de fevereiro de 1842 dá poder constituinte aos novos deputados que vierem a ser eleitos. O diploma foi publicado no dia 11, sendo referendado por Luís Mouzinho de Albuquerque. Foi considerado ofensivo para os cartistas, dado que, através da via eleitoral poderia ser modificada a Carta. Fronteira diz que Rodrigo da Fonseca e Felgueiras não queriam a ascensão de Costa Cabral, sendo apoiados por Dietz e pelo embaixador inglês Howard.

Segundo Lacerda, este diploma quer dar aos setembristas pela intriga o que eles perderam no campo.

Dia 10 de fevereiro – Dissolução da Câmara dos Deputados.

Dia 14 de fevereiro – Costa Cabral dissolveu a Junta Provisional de Governo e dirigiu-se para Lisboa.

Dia 20 de fevereiro – João Baptista Felgueiras assume a pasta da justiça de 20 a 24 de fevereiro. Terceira tenta, então, alargar o gabinete a cartistas pouco favoráveis a Cabral. Felgueiras tinha sido secretário das Cortes vintistas.

Ao mesmo tempo, Rodrigo da Fonseca passa a conselheiro de Estado. Segundo Lacerda, Rodrigo não vai com os setembristas, aborrece os miguelistas; porém, não quer superiores. Ele guerreia a restauração, mas sim os restauradores.

Dia 23 de fevereiro – Cartistas contra Mouzinho de Albuquerque – Artigo de Lacerda no Correio Português contra Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, a quem chamam sofrível boticárioé preciso que se declare, por que no sistema representativo os ministros são os chefes das maiorias. Considera que o ministro em causa não tem partido, é pela Carta, mas quer os cartistas. O país quer a Carta e não as pastelarias de S. Exª.

Dia 24 de fevereiro – Cabralismo a cem por cento – António Bernardo da Costa Cabral, o motor ou mola real da restauração da Carta, conforme as palavras de Lacerda, assume a pasta do reino, substituindo Luís Mouzinho de Albuquerque. É a partir deste ponto ministerial que vai controlar todo o processo do poder, à semelhança do que Salazar, a partir de 1928, vai fazer com a ditadura das finanças. António de Azevedo e Melo e Carvalho assume a pasta da justiça, substituindo Felgueiras (era irmão do visconde da Oliveira, Marcelino de Azevedo e Melo, um dos membros da junta do Porto. Considerado por Fronteira uma nulidade… como homem prático. Sai também do governo José Jorge Loureiro, substituído na fazenda por João de Oliveira, o barão do Tojal, e na marinha e ultramar por António José Campelo. Este, oficial maior na secretaria de Estado da marinha, segundo o mesmo Fronteira, Deus não o tinha feito para político. Era um governo cartista a cem por cento. João de Oliveira tinha sido ministro da fazenda em 1837, 1838, 1839 e 1841 nos governos de Dias Oliveira, Sá da Bandeira e Bonfim.

Antigos cartistas na oposição – Face a esta remodelação governamental, passavam para as fileiras da oposição as figuras de Rodrigo da Fonseca, Luís Mouzinho de Albuquerque, José Jorge Loureiro, João Baptista Felgueiras e Joaquim António de Aguiar. Este último, Segundo Lacerda, teria ciúme ou inveja de Cabral. Isto é, passou a haver uma não coincidência entre os cartistas  e os cabralistas, mas estes últimos tratam de monopolizar o primeiro qualificativo.

Março

Dia 5 de março – Nova lei eleitoral – Decreto de 5 de março de 1842 revoga o decreto de 10 de fevereiro. Admite o voto dos religiosos seculares. Sufrágio indireto e censitário. Termina o sistema plurinominal. Regresso aos círculos provinciais. A oposição logo chama ao decreto cousa monstruosa.

Dia 30 de março – Criada uma ampla oposição – Criada uma ampla coalisão. Da comissão central fazem parte Sá da Bandeira, Joaquim António Magalhães, João Baptista de Almeida Garrett, Júlio Gomes da Silva Sanches, António de Oliveira Marreca, José Estevão, Vieira de Castro e Manuel Duarte Leitão. Em finais de 1842 a ampla coalisão passa a associação eleitoral permanente, com fins revolucionários.

Maio

Dia 3 de maio – Fornada de trinta pares – Nomeados novos pares do reino: António Barreto Ferraz de Vasconcelos; António de Lemos Teixeira d’Aguilar; António Maria Osório; António Saldanha Albuquerque Castro Riba-Fria Pereira (depois conde de Penamacor); Barão d’Almeidinha; Barão do Tojal; Barão de Vila Pouca; Barão de Fontebela; conde da Ponte de Santa Maria; conde de Terena (José); Daniel de Ornelas e Vasconcelos; Francisco Serpa Saraiva Machado; Francisco Tavares de Almeida Proença; João de Almeida Morais Pessanha; Joaquim Ferreira dos Santos (futuro conde de Ferreira); José Barreto Castelino Costa Falcão; José Henriques Soares (futuro barão de Ancêde); Manuel Serpa Machado; Venâncio Pinto do Rego Cêa Trigueiros; visconde da Graciosa; visconde de Samodães (depois conde). Sete deles passarão a ser anticabralistas: conde das Antas; conde do Bonfim; João José Vaz Preto Geraldes; José da Silva Carvalho; visconde de Beire visconde de Bertiandos; visconde da Oliveira.

Junho

Dia 3 de junho – Emitido manifesto da comissão central eleitoral do partido cartista contra Costa Cabral.

Dia 5 de junho – Eleições em 5 e 19 de junho de 1842. Contra os governamentais assumem-se os coligados, a união de setembristas e miguelistas. Apenas conseguem eleger dez deputados. Aquilo que o cabralista Lacerda considera uma aliança monstruosa. Em 1858 os cabaralistas esquecem esta monstruosidade e unem-se aos miguelistas e aos regeneradores para combaterem os históricos em novos coligados. Mas os históricos também não deixam de incluir nas suas fileiras antigos setembristas.

Oposição dos aristocratas – Os principais aristocratas assumem desde logo uma postura anti-cabralista, por este ser de baixa extração. Com salienta Fronteira, a aristocracia da Corte, com pequenas exceções, se deitou nos braços da democracia com zelos mesquinhos.

Julho

Dia 10 de julho – Abertura das Cortes cabralistas – Cortes abrem em 10 de julho e estão reunidas apenas até 14 de setembro. No discurso de D. Maria II declara-se que a Carta foi restaurada pelo voto nacional espontaneamente manifestado.

Oposição na Câmara dos Pares – Conde da Taipa interpela o governo na Câmara dos Pares sobre o fatal influxo das sociedades secretas. Na oposição alinham também o 2º conde do Lavradio e o 3º conde de Linhares.

Proibição das sociedades secretas – O antigo maçon Luís Mouzinho de Albuquerque apresenta na Câmara dos Deputados um projeto visando a proibição das sociedades secretas e obrigando os funcionários públicos a um compromisso no sentido de não participarem nelas. O projeto, admitido em 4 de agosto, não terá seguimento, por razões óbvias.

Agosto

Dia 29 de agosto – Assinado o Tratado de Nanquim, com abertura dos portos de Cantão e Xangai ao comércio britânico.

Setembro

Dia 5 de setembro – Campelo abandona o governo – Campelo, por estar doente, é substituído por João Oliveira na marinha e ultramar.

Dia 14 de setembro – Adiamento das Cortes – As Cortes são adiadas por 78 dias, até 1 de dezembro de 1842. Em 21 de novembro de 1842, são adias  as Cortes por 27 dias, até 28 de dezembro de 1842; Remodelação. Gomes de Castro nos estrangeiros. Terceira cede a pasta dos estrangeiros a Joaquim José Gomes de Castro. Futuro visconde (1848) e futuro conde de Castro (1862). A pasta da marinha e ultramar passa a ser ocupada por Joaquim José Falcão. José António Maria de Sousa Azevedo, visconde de Algés, na justiça até 27 de junho de 1844.

Dia 24 de setembro – Por decreto de 24 de setembro de 1842 são suspensas as garantias constitucionais.

Dezembro

Dia 4 de dezembro – Espartero esmaga a revolta de Barcelona. Será derrotado pelo general Narvaez em 15 de julho de 1843. Em 8 de novembro de 1843, Isabel II atinge a maioridade.

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[startIndexSection name=”1843″]

Março

Dia 7 de março – Reforma do ensino.

Junho

Dia 30 de junho  – As Cortes são adiadas por 138 dias, até 15 de novembro de 1843. Começa a revolta de Torres Novas[1]. Costa Cabral estava de cama, com reumatismo.

[1] Fronteira, VII, pp. 14 ss.

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[startIndexSection name=”1844″]

Fevereiro

Dia 4 de fevereiro – Começa a revolta de Torres Novas. Pronunciamento organizado por César Vasconcelos, José Lúcio Travassos Valdez e o conde de Bonfim. Passos Manuel chamou ao golpe a bombochata.

Dia 6 de fevereiro – Por lei de 6 de fevereiro de 1844 são suspensas as garantias constitucionais por 20 dias.

Dia 7 de fevereiro – As Cortes são adiadas por 13 dias até 20 de fevereiro de 1844.

Dia 22 de fevereiro – Por lei de 22 de fevereiro é prorrogada a suspensão das garantias até 31 de maio.

Dia 23 de fevereiro de 1844 – As Cortes são adiadas  por 46 dias até 22 de abril de 1844. Em 15 de abril de 1844, as Cortes são adiadas por 31 dias até 23 de maio de 1844.

Abril

Dia 8 de abril – Revoltosos apoderam-se da praça de Almeida. Tem o apoio de José Estevão e de vários estudantes miguelistas de Coimbra, aliciados por Caetano Beirão.

Dia 28 de abril – A revolta de Torres Novas/ Almeida termina.

Maio

Dia 17 de maio – As Cortes são adiadas por 130 dias, até 30 de setembro de 1844.

Junho

Dia 27 de junho – António Bernardo da Costa Cabral na justiça, até 3 de maio de 1845.

Setembro

Dia 30 de setembro – As Cortes concedem bil de indemnidade ao governo.

Outubro

Várias câmaras municipais pedem a demissão do governo. São todas demitidas.

Novembro

Volta a debater-se na Câmara dos Pares a questão da proibição das sociedades secretas.

Dezembro

Silva Carvalho e Rodrigo da Fonseca convidam Palmela para chefe da oposição.

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[startIndexSection name=”1845″]

Janeiro

Dia 15 de janeiro – Oposições unificadas começam a editar o jornal Coalizão. Acusam o governo de tirania e fazem um apelo para a ida à s urnas.

Maio

Dia 3 de maio – José Bernardo da Silva Cabral sucede ao irmão interinamente nas pastas do reino e dos negócios eclesiásticos e justiça (mantém-se na justiça até 20 de maio de 1846)[1].

Julho

Dia 24 de julho de 1845 – António Bernardo da Costa Cabral regressa à pasta do reino[2].

Agosto

Eleições em 3 e 17 de agosto. Apenas são eleitos seis deputados oposicionistas pelo Alentejo. Miguelistas aconselham a abstenção.

[1] Ver Memórias do Conde de Lavradio, III, p. 199. Costa Cabral tinha reumatismo nervoso e teve licença para se retirar para Tomar.
[2] Ver Memórias do Conde de Lavradio, III, p. 209

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[startIndexSection name=”1846″]

Abril

Dia 20 de abril – Lei de 20 de abril de 1846 suspende as garantias por 60 dias. Crimes de sedição e rebelião passam a ser julgados em tribunal de guerra. José Bernardo enviado para o Porto.

Maio

Lavradio, Luís Mouzinho de Albuquerque e José Jorge Loureiro pedem a D. Maria II pedem a demissão do governo.

Dia 20 de maio – Governo de Palmela – Palmela ocupa a presidência, o reino, a justiça e a fazenda. Terceira na guerra, na marinha e nos estrangeiros. Saldanha foi nomeado para os estrangeiros, mas não ocupou a pasta por estar como embaixador em Viena. Tenta-se, assim, um triunvirato dos três duques, enquanto os Cabrais partem para o exílio espanhol. Segundo Fronteira, Palmela passou-se para a oposição ao cabralismo passou-se para a oposição quando o anterior governo não reconheceu uma dívida de D. Miguel à casa do conde da Póvoa; terá sido influenciado por Carlos Bento da Silva, até então deputado cabralista, antigo amanuense elevado à categoria de ofical por Tojal e Costa Cabral; era redator do Diário do Governo e, depois de demitido, passou a receber uma pensão da casa Palmela.

Dia 23 de maio – Luís Mouzinho de Albuquerque assume a pasta da marinha e do ultramar, até então ocupada por Terceira.

Dia 26 de maio – Nova alteração do governo. Terceira abandona o governo. Palmela mantém-se na presidência e na fazenda. Mouzinho de Albuquerque passa para a pasta do reino, substituindo Palmela. José Jorge Loureiro na marinha. Lavradio nos estrangeiros. Soure na justiça.

Julho

Dia 19 de julho – Sá da Bandeira na pasta da guerra. Joaquim António de Aguiar na justiça. Júlio Gomes da Silva Sanches na fazenda.

Dia 27 de julho, novo decreto eleitoral, marca eleições para 11 de outubro.

Outubro

Governo de Saldanha – Golpe e governo de Saldanha. A emboscada, com apoio do Paço. Como observava Silva Carvalho mudou o ministério, foram restituídos aos seus comandos os que a revolução havia tirado, tudo permaneceu em sossego (II, pp. 43-53).

Presidente acumula a guerra e Interinamente os estrangeiros. Marcelino Máximo de Azevedo e Melo, visconde da Oliveira, no reino (até 28 de abril de 1847)  e na fazenda, até 13 de outubro de 1846. José Jacinto Valente Farinho nos negócios eclesiásticos e justiça (até 28 de abril de 1847). D. Manuel de Portugal e Castro, na marinha e ultramar (até 28 de abril de 1847). Visconde da Carreira nos estrangeiros, que não assume as funções, sendo substituído imediatamente por Saldanha (estava ministro plenipotenciário em Paris).

O governo está completamente dominado pela maçonaria. O visconde da Oliveira, Marcelino Máximo de Azevedo e Melo foi eleito, em 15 de agosto de 1846, Grande Inspetor do Grande Oriente Lusitano. Passou a ser o grão-mestre de facto, na ausência de António Bernardo da Costa Cabral. Para o cargo de grão-mestre chegou a ser convidado o marquês de Fronteira que nem sequer era maçon.

Dia 7 de outubro – Suspensas as garantias constitucionais por 30 dias; a suspensão será prorrogada em 5 de novembro e 6 de dezembro.

Dia 9 de outubro – Declarados sem efeito os decretos de 27 de julho, considerados contrários à Carta[1]. A reunião das Cortes ficou adiada sine die. Novo decreto eleitoral convoca as Cortes para 2 de fevereiro de 1848.

Dia 10 de outubro começa a sublevação no Porto. Terceira que tinha sido enviado à cidade como lugar-tenente da rainha, foi logo preso.

Dia 11 de outubro – O conde das Antas, vindo de Braga assume o comando militar da revolta. Preside à Junta e e tem José Passos como vice-presidente. Circulam manifestos a revolução do Minho, a revolução mais gloriosa da nação Portuguesa foi traída pela Soberana.

Surgem guerrilhas por todo lado. O governo e a banca juntos tentam armar gente, mas só conseguem 3 000 homens sob o comando de D. Fernando.

Canta-se:

Eia avante! Eia avante!

Eia avante! Não temer!

Pela santa liberdade,

Pelejar até morrer!

Segundo Oliveira Martins, esta gente … chamada à revolta sentia pulsar-lhe nas veias o antigo sangue de nómadas barbarescos, de bandidos históricos, serranos guerreiros: não os minhotos, mas os transmontanos, os beirões, os estremenhos, e toda a população transtagana (PC, II, p. 179)

Dia 13 de outubro – Visconde de Algés, José António Maria de Sousa Azevedo na fazenda, em lugar do Visconde da Oliveira, até 20 de fevereiro de 1847.

Logo em 13 de outubro Saldanha pede a Intervenção das potências da Quádrupla Aliança, alegando o surgimento de uma revolta miguelista. Espanhóis mandam logo um corpo de intervenção para as fronteiras. Cabral era embaixador em Madrid. Londres, com Palmerston diz não haver miguelistas e impede a intervenção espanhola. Como salienta Oliveira Martins, PC, II, p.171, Nós, em casa, evidentemente não tínhamos força para nos governarmos; e depois de doze anos de liberdade, o Portugal novo achava-se, como o antigo se achara, dividido em duas frações sem que nenhuma tivesse poder bastante para submeter a contrária.

Segundo Silva Carvalho, J. António Maria de Sousa Azevedo queria dar Goa à Inglaterra para que ela nos fizesse um bom donativo de dinheiro (II, 456).

Novembro

Dia 4 de novembro – José António Maria de Sousa Azevedo, Visconde de Algés substitui Saldanha na guerra, mantendo-se na fazenda; D. Manuel de Portugal e Castro nos estrangeiros, em lugar de Saldanha. Exércitos da Junta ocupam Santarém.

Dia 16 de novembro – Sá da Bandeira é derrotado em Valpaços pelas tropas do barão do Casal.

Dia 17 de novembro – Criado o Banco de Portugal – O Banco de Lisboa passa a designar-se Banco de Portugal, depois de fundir-se com a Companhia Confiança.

Dia 20 de novembro – Miguelistas atacam coluna de Sá da Bandeira – Sá da Bandeira, quando regressava ao Porto, é atacado pelas guerrilhas miguelistas de Mac Donnel.

Guerra no Alentejo – No Alentejo, os patuleias são comandados pelo general Celestino, futuro visconde de Liceira, por Bonfim e pelo conde de Melo. Cartistas no Alentejo são comandados por Schwalbach.

Britânicos aceitam princípio da intervenção – Em novembro, a Espanha, temendo o contágio dos miguelistas, depois de apoiada pela França de Guizot, consegue que os britânicos aceitem o princípio da intervenção em Portugal.

Dezembro

Dia 4 de dezembro – Os miguelistas atacam Viana do Castelo.

Dia 22 de dezembro – Saldanha vence os patuleias em Torres Vedras, destroçando as forças do conde de Bonfim. Cerca de três centenas de baixas entre os patuleias.

Dia 31 de dezembro – Tropas miguelistas são dizimadas em Braga.

[1] Ver António Ribeiro dos Santos, p. 168.

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[startIndexSection name=”1847″]

Janeiro

Dia 6 de janeiro – Sucessivas suspensões das garantias constitucionais (decretos de 6 e 27 de janeiro; 6 de fevereiro, 6 de março, 6 de abril, 6 de maio e 6 de junho).

Dia 9 de janeiro – Póvoas nomeado comandante dos patuleias – O general Póvoas nomeado comandante militar das duas Beiras, aliando-se a Sá da Bandeira.

Dia 30 de janeiro – Derrota miguelista em Vila Pouca de Aguiar – Mac Donnel será chacinado em Vila Pouca de Aguiar.

Esquadra cartista, comandada por Soares Franco, bloqueia o Porto.

Fevereiro

Dia 20 de fevereiro – Remodelação governamental – João de Oliveira, conde do Tojal, na fazenda, até 22 de agosto de 1847; Barão de Ovar, General António da Costa e Silva substitui o Visconde de Algés na guerra. Comerciantes de Lisboa aplaudem a chegada de Tojal à fazenda. Os funcionários públicos não são pagos desde outubro.

Dia 27 de fevereiro – Ataque patuleia a Estremoz – O exército da Patuleia, comandado pelo conde de Melo, ataca Estremoz.

Abril

Dia 9 de abril – Sá da Bandeira em Setúbal – Sá da Bandeira, assumindo-se como lugar-tenente da Junta, desembarca no Algarve e inicia marcha para Lisboa. Chega a Setúbal e junta-se às tropas do conde de Melo e às guerrilhas do Sul. Tem como colaboradores Braamcamp e José Estevão.

Dia 11 de abril – Tumultos em Lisboa, onde estacionam tropas inglesas e espanholas.

Combate do Alto do Viso

Dia 16 de Abril – Sá da Bandeira detém-se em Setúbal. Perde 500 homens no combate do Alto do Viso. Cartistas comandados pelo conde Vinhais.

Dias 27 e 28 de abril – Francisco Tavares de Almeida Proença substitui Marcelino Máximo de Azevedo e Melo no reino (até 22 de agosto de 1847). Manuel Duarte Leitão substitui José Jacinto Valente Farinho nos negócios eclesiásticos e justiça (até 22 de agosto de 1847). Ildefonso Leopoldo Bayard substitui Ovar na guerra e D. Manuel de Portugal e Castro nos estrangeiros. Conde do Tojal substitui D. Manuel Portugal e Castro, na marinha e ultramar. Valente Farinho, visconde da Oliveira,  visconde de Algés e D. Manuel Portugal e Castro saem do governo.

Dia 29 de abril – Novos tumultos patuleias em Lisboa. Fogem seiscentos presos do Limoeiro. Fome.

Maio

Dia 1 de maio – Sá da Bandeira, depois do combate do Alto do Viso, aceita armistício.

Dia 3 de maio – Barão da Ponte da Barca, Jerónimo Pereira de Vasconcelos substitui Bayard na guerra.

Dia 27 de maio – Esquadra britânica bloqueia o Douro impedindo a saída da esquadra do conde das Antas.

Junho

Dia 3 de Junho – Divisão espanhola ocupa o Porto.

Dia 12 de junho – Sá da Bandeira aceita submeter-se.

Dia 24 de junho – Convenção do Gramido. Assinam Loulé e António César Teixeira de Vasconcelos pelas juntas, na presença dos espanhóis general D. Manuel de la Concha, coronel Buenaga e o inglês coronel W. Wylde. Como salienta Oliveira Martins, o povo voltava para casa, chorando: chorando assistira à entrada de Concha.

Agosto

Dia 22 de agosto – Depois da Convenção do Gramido, ocorre uma ampla renovação do governo. Apenas se mantém o presidente, Saldanha. Segundo as palavras de Lavradio, era o chamado governo lânguido e ambíguo, face à impossibilidade da constituição de um governo forte, como chegou a ser tentado com a integração de Rodrigo da Fonseca e Silva Carvalho. Este governo começou por declara-se imparcial, mas logo tenta formar um terceiro partido, integrando cartistas e setembristas moderados.

António de Azevedo Melo Carvalho, no reino, em vez de Almeida Proença (até 18 de dezembro de 1847); Francisco António Fernandes da Silva Ferrão nos negócios eclesiásticos e justiça, onde substitui Leitão (até 18 de dezembro de 1847); Marino Miguel Franzini na fazenda, em vez de Tojal; o barão de Almofala, brigadeiro Silva Leão, substitui o barão de Ponte da Barca, na guerra, até 8 de janeiro de 1848; João de Fontes Pereira de Melo na marinha e ultramar, substituindo o conde do Tojal (até 18 de dezembro de 1847); Velez Barreiros, barão da Senhora da Luz, nos estrangeiros, em lugar de Ildefonso Leopoldo Bayard.

António Bernardo da Costa Cabral regressa do exílio e organiza em Lisboa um centro cartista que tem João Rebelo da Costa Cabral como o principal organizador.

Novembro

Dia 28 de novembro – Eleições de 28 de novembro e 12 de dezembro. As terceiras e últimas eleições do cabralismo, depois da Patuleia e da Convenção do Gramido (24 de junho de 1847) e de acordo com o decreto de 12 de agosto de 1847. 142 deputados (119 no continente e 10 nas ilhas, todos por círculos plurinominais; 13 no ultramar, dos 3 por círculos uninominais e 10 por círculos plurinominais). Os homens da patuleia abandonam o ato eleitoral. Estava no poder o Governo de Saldanha, com António de Melo no reino.

Dezembro

Dia 18 de dezembro – Remodelação governamental: Saldanha na presidência, na guerra (onde substitui Almofala) e nos estrangeiros (o barão da Senhora da Luz); Bernardo Gorjão Henriques no reino, onde substitui Melo e Carvalho (até 29 de março de 1848); Joaquim José de Queirós e Almeida nos negócios eclesiásticos e justiça, em vez de Ferrão; Coronel José Joaquim Falcão na fazenda, em vez de Franzini; Agostinho Albano da Silveira Pinto na marinha e ultramar, em vez de João Fontes Pereira de Melo.

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[startIndexSection name=”1848″]

Janeiro

Dia 8 de janeiro – Novo ministro da guerra – Brigadeiro Fernando da Afonseca Mesquita e Sola, Barão de Francos, ministro da guerra, em vez de Saldanha.

Fevereiro

Dia 21 de fevereiro – D. José Joaquim de Azevedo e Moura, bispo de Viseu, no ministério dos negócios eclesiásticos e justiça, em vez de Joaquim José Queirós (até 29 de março de 1848).

Março

Dia 29 de março – Saldanha no reino em vez de Gorjão (até 1 de junho de 1849); João Elias da Costa Faria e Silva, ministro dos negócios eclesiásticos e justiça, em vez do bispo de Viseu (até 29 de janeiro de 1849); José Joaquim Januário Lapa, Visconde Vila Nova de Ourém na marinha e ultramar, em vez de Albano; José Joaquim Gomes de Castro nos estrangeiros, até 18 de junho de 1849 (substituído por Saldanha de 3 de maio a 1 de junho de 1849, por doença).

Maio

Dia 17 de maio – Criada uma comissão revolucionária de Lisboa com Oliveira Marreca, Rodrigues Sampaio e José Estevão. À comissão aderem Casal Ribeiro, Henriques Nogueira, Anselmo Braamcamp, Luís Augusto Palmeirim e Lobo de Ávila.

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[startIndexSection name=”1849″]

Junho

Dia 18 de junho – Governo de Costa Cabral (até 27 de abril de 1851). Presidente acumula a presidência e o reino[1]; Nos negócios eclesiásticos e justiça, Félix Pereira de Magalhães; Na fazenda, António José de Àvila, então juiz do Supremo Tribunal Administrativo; Na guerra, o major Adriano Maurício Guilherme Ferreri; Na marinha e ultramar, o visconde de Castelões, Flórido Rodrigues Pereira Forjaz; Nos estrangeiros, o conde do Tojal.

Como salienta Oliveira Martins, Costa Cabral, o conde de Tomar, era mais do que um homem: era um sistema e um fantasma. No ódio com que o recebiam mostravam-lhe quanto ele valia, pelo medo que lhe tinham[2].

Julho

Dia 16 de julho – Estavam previstas eleições para o Grande Oriente Lusitano. Grupo cabralista apresenta a candidatura de João Rebelo da Costa Cabral. Cerca de uma centena destes cabralistas maçónicos ocupa violentamente o local onde se reunia a Grande Dieta e elege Euletério Francisco de Castelo Branco até 30 de novembro de 1850. Apoio a esta eleição de Joaquim José Pereira de Melo, José Lourenço da Cruz e Agostinho Albano da Silveira Pinto.

O grupo de Moura Coutinho, do visconde da Oliveira e do conde da Cunha constitui o Grande Oriente de Portugal. Em 17 e 18 de julho de 1849 elege o visconde da Oliveira grão-mestre, tendo como colaboradores José Joaquim de Almeida Coutinho, o conde da Cunha, José Joaquim Alves, Manuel Freire de Faria e José Maria de Sousa Monteiro. Até 13 de julho de 1853, o grupo é comandado pelo visconde da Oliveira. Sucedeu-lhe Moura Coutinho, desde 31 de março de 1854.

Outubro

Dia 24 de outubro – Emitido manifesto de um partido nacional unindo cartistas e setembristas. Grande campanha na imprensa contra o governo. Ataques ad hominem, considerado concussionário e corruto. O caso da caleche dada por Frescata que dera a caleche em troca de uma comenda.

Dezembro

Dia 26 de dezembro – A antiga Maçonaria do Sul passa a Confederação Maçónica Portuguesa, Tem como grão mestre João Gualberto de Pina Cabral. Em 1851, as lojas ainda existentes da Maçonaria do Norete integram-se na Confederação.

[1] António Bernardo esteve doente de 7 de agosto a 23 de setembro de 1850, sendo substituído interinamente na pasta do reino por Félix Pereira Magalhães. Este voltou à interinidade da pasta do reino de 26 de abril a 1 de maio de 1851.
[2] II, p. 215.

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[startIndexSection name=”1850″]

Janeiro

Em 12 de janeiro – Escândalo do affidavit – O Morning Post, onde pontificam miguelistas, fala  na riqueza dos palácios de Costa Cabral. Insinuam-se relações imorais entre Costa Cabral e D. Maria II. Cabral processa o jornal nos tribunais ingleses.

Fevereiro

Dia 1 de fevereiro – É apresentada a proposta de Lei das rolhas. Em 18 de fevereiro, surge um manifesto público contra a lei das rolhas, subscrito por Garrett, Herculano, Latino Coelho e Lopes de Mendonça, em nome da liberdade de pensamento. A lei é aprovada em 3 de agosto.

Conflito entre Lavradio e Costa Cabral – Conde de Lavradio na Câmara dos Pares acusa A. B. da Costa Cabral de criminoso de lesa magestade. Saldanha apoia Lavradio.

Dia 7 de fevereiro – Saldanha entra em conflito com Cabral e é demitido de mordomo-mor da casa real, conselheiro de Estado, vogal do Supremo tribunal de Justiça Militar e de primeiro ajudante de campo de D. Fernando.

Abril

Dia 16 de abril – Confirmada a criação do Banco de Portugal – Por carta de lei de 16 de abril de 1850, referendada por António José de Ávila, era confirmada a criação do Banco de Portugal, cuja designação surgira no artigo 9º do decereto de 17 de novembro de 1846, quando os ativos e passivos da Companhia de Confiança Nacional se incorporaram no Banco de Lisboa (era então ministro da fazenda o visconde de Algés, José Maria de Sousa Azevedo).

Novembro


Dia 30 de novembro – Conflito na facção cabralista do Grande Oriente Lusitano – Novas eleições na fação cabralista do Grande Oriente Lusitano. José Bernardo da Silva Cabral é eleito grão-mestre. Este está então em rutura com os irmãos de sangue António Bernardo e João Rebelo. Passa a contar como colaboradores Agostinho Albano da Silveira Pinto, João Lourenço da Cruz, João Paulino Vieira e o cónego Euletério Francisco de Castelo Branco.

Dezembro

Dia 15 de dezembro – Nova fornada de pares. A terceira concedida a Cabral. O governo passava a ter 53 pares em pouco mais de cem.

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[startIndexSection name=”1851″]

Janeiro

No ano quem que Augusto Comte começa a publicar o Système de Politique Positive (1851-1854), em que se funda a agência Reuters, em que surge a primeira prensa rotativa para a imprensa, eis que em Portugal surgem as primeiras charruas de ferro, enquanto em Londres, no chamado Palácio de Cristal, decorre uma grande exposição.

Herculano funda o jornal O Paiz.

Aparece a epidemia de cólera na Europa.

Fome na Rússia.

Dia 29 de janeiro – Eis que, do grupo cabralista de José Bernardo se destaca um conjunto de lojas liderado por João Rebelo da Costa Cabral que cria um Grande Capítulo Central da Maçonaria Lusitana.

Em janeiro de 1851, novo caso, o chamado escândalo do Alfeite. Acusa-se a casa real de ter arrendado uma propriedade a Costa Cabral por 99 anos com renda irrisória.

Dia 29 de janeiro – Nova lei eleitoral.

Abril

Dia 7 de abril – A conspiração de Saldanha desencadeia-se a partir de 7 de abril, quando o marechal sai de Lisboa com os caçadores 1. O grito de revolta é o seguinte: Via a Rainha e a Carta! Abaixo o Ministério. Sai de Lisboa, mas não tem o apoio dos regimentos de Sintra e de Mafra.  Apenas tem apoios em Leiria. O movimento acaba por não resultar e Saldanha tem de fugir para a Galiza.

Dia 9 de abril – As cortes são adiadas por 54 dias, até 2 de junho de 1851.

Dia 27 de abril – O visconde de Algés é convidado a formar governo. Rodrigo da Fonseca é chamado ao paço. Visconde de Castro transforma-se no grande agente da conspiração, com Franzini, Lourenço José Moniz e Castelões.

Telegrama vindo do Porto diz que Saldanha não embainhará a espada se surgir o Ministério tirado das maiorias das Câmaras.

Dia 29 de abril – Movimento vitorioso no Porto – Já o movimento está vitorioso no Porto. Houve uma revolta com o apoio dos irmãos Passos, J. Vitorino Damásio, Salvador da França e Faria Guimarães. Vão buscar Saldanha a Lobios, na Galiza. As tropas governamentais, sob o comando de D. Fernando revoltam-se em Coimbra. O marechal, em circular dirigida aos governadores civis, diz querer acabar com o funesto sistema de patronato e conceção e fala num grito nacional. Costa Cabral embarca para Vigo e trata de reocupar o posto de embaixador em Madrid.

Dia 30 de abril – Reis e Vasconcelos continua como correio. Lavradio conversa com a Rainha e diz-lhe: o Exército está insubordinado, a patuleia pronta a levantar-se, os clubes da fação de J. B. Cabral querendo apoderar-se do poder.

Maio

Dia 1 de maio – A ditadura regeneradora de Saldanha – Logo em 1 de maio de 1851, quando Saldanha ainda estava no Porto, D. Maria II, nomeia-o presidente e ministro do reino, depois de lhe escrever uma carta, ao que parece, inspirada por Garrett, onde lhe entrega o futuro deste país e da Coroa, para que se extirpem radicalmente os abusos, para que que o sistema constitucional não seja sofismado. Regime de ditadura que dura até 31 de dezembro de 1852. Barão da Senhora da Luz nos estrangeiros. Barão de Francos, Fernando Mesquita e Sola, na guerra e na marinha. Marino Franzini na fazenda e na justiça. Reis de Vasconcelos é encarregado por D. Maria II de ir ao Porto conversar com Saldanha. Lavradio e Rodrigo da Fonseca não entram neste governo. Terceira terá dito que eles eram grandes setembritas, ameaçando desembainhar a espada se eles fossem nomeados ministros.

Dia 2 de maio – D. Maria II convida Lavradio para  o governo: diga ao Algés e ao Rodrigo que eu não os chamei para este ministério provisório, porque os quero para o definitivo.

Dia 4 de maio de 1851, tumultos patuleias em Lisboa reprimidos pela Guarda Municipal, ainda comandada por D. Carlos de Mascarenhas, irmão do marquês de Fronteira.

Dia 6 de maio – Reúne o Conselho de Estado.

Dia 7 de maio – Barão de Francos sai do governo. Saldanha substitui-o na pasta da guerra. O barão da Luz, além dos estrangeiros, passa a acumular a marinha.

Dia 15 de maio – Saldanha chega a Lisboa, por via marítima. No dia 16 tem uma conversa com Lavradio. Diz-lhe não querer assumir o comando do governo, preferindo o comando formal do exército, segundo conselhos que lhe foram dados por Alexandre Herculano. Lavradio observa: a revolução do duque de Saldanha pôde destruir o que existia, mas ele não é capaz de organizar: criou finalmente uma posição, de que não sabe tirar partido para bem do país.

Dia 17 de maio – Saldanha assume o Governo – Saldanha acumula o reino, a guerra e os negócios eclesiásticos e justiça; Marino Franzini na fazenda; barão da Senhora da Luz na marinha e nos estrangeiros.

Dia 17 de maio – D. Carlos de Mascarenhas é exonerado.

Dia 22 de maio – Remodelação do governo. Saldanha acumula a presidência, o reino e a guerra. Atouguia nos estrangeiros. Loulé na marinha. Soure na justiça. Franzini mantém-se na fazenda. De 1 de maio de 1851 a 6 de junho de 1856, serão mobilizadas para o governo 14 personalidades. Apenas Saldanha se mantém constante. A partir de 22 de maio de 1851, também Atouguia permanece sempre como ministro (até 4 de março de 1852, nos estrangeiros, para onde regressa em 17 de agosto de 1852; desde 4 de março de 1852, assume a pasta da marinha). A partir de 7 de julho de 1851, duas personalidades vão também manter-se permanentes: Rodrigo da Fonseca no reino, acumulando a pasta da justiça de 17 de agosto de 1852 a 3 de setembro de 1853. Fontes Pereira de Melo, começa na marinha, de 7 de julho de 1851 a 4 de março de 1852. Nesta data passa para a fazenda e acumula as obras públicas desde 30 de agosto de 1852. Outros ministros têm breves passagens pelos bancos ministeriais: Loulé, Pestana, respetivamente, na marinha e no reino  de 22 de maio a 7 de julho de 1851. Soure na justiça, também desde 22 de maio de 1851, mas até 4 de março de 1852. Garrett, Seabra  e Ferrão, respetivamente, nos estrangeiros, na justiça e na fazenda, de 4 de março a 17 de agosto de 1852. Silva Pereira na justiça, desde 3 de setembro de 1853.

Dia 22 de maio – Saldanha na presidência e na guerra; Coronel José Ferreira Pestana no reino (Herculano, recusou a pasta), até 7 de julho até 7 de julho de 1851; Joaquim Filipe de Soure nos negócios eclesiásticos e justiça, até 7 de julho de 1851; Miguel Marino Franzini, na fazenda, até 7 de julho de 1851; Loulé na marinha, até 7 de julho de 1851; Jervis de Atouguia nos estrangeiros[1].

Dia 25 de maio – Cortes dissolvidas.

Maçonaria do Norte integra-se na Confederação Maçónica Portuguesa.

Junho

Institui-se centro eleitoral situacionista – Logo em junho começa a organizar-se uma associação eleitoral de apoio à nova situação. As reuniões decorrem no palácio do falecido duque de Palmela, com Reis de Vasconcelos a manobrar. Saldanha vai convidando José Bernardo da Silva Cabral e Lavradio, circulando como organizadores da mesma Reis de Vasconcelos, Rebelo da Silva e Almeida Garrett. Saldanha chega a convidar Lavradio para presidir à associação. Este recusa. E Saldanha diz-lhe que que então sairá José Bernardo da Silva Cabral, mas não José Lourenço da Luz. Lavradio observa que o fim verdadeiro da associação era o de minar a Administração para a fazer cair, e, já se sabe, para a substituir por aqueles que a tinham minado ou feito cair. Para o mesmo memorialista, desde 15 de maio que todos recuam pour mieux sauter… Saldanha vira-se para todos os partidos, mas não satisfaz, e todos estão convencidos da sua incapacidade.

Cisões entre os novos situacionistas – Prosseguem as rivalidades na formação do grupo de apoio ao novo situacionismo. Saldanha lista os nomes de José Maria Grande, Aguiar, Ferrão e Silva Sanches. José Bernardo da Silva Cabral opõe-se a Grande, Aguiar e Ferrão.

Dia 12 de junho – L. A. Rebelo da Silva emite uma carta-circular como secretário do centro eleitoral de apoio à situação: sendo conveniente consolidar a situação atual, cooperando sinceramente os amigos da ordem, de progresso sensato e da Monarquia Constitucional, para ela não engane as esperanças do país, por falta de oportuna direção, diversas pessoas, zelosas do bem público e dedicadas aos princípios de justo melhoramento, entenderam que não se devia demorar mais tempo a organização de um centro eleitoral que dê garantias às liberdades declaradas na Carta, não as sacrificando, todavia, às inovações de uma fatal exaltação.

Dia 12 de junho – O conde de Antas, Francisco Xavier da Silva Pereira, foi eleito grão-mestre da Confederação Maçónica Portuguesa, sucedendo a João Gualberto Pina Cabral. Antas morre em 20 de maio de 1852, sucedendo-lhe Loulé, substituído interinamente por Rodrigues Sampaio (1852-1853). Em maio de 1851, a Confederação integrara no seu sio o resto das lojas da maçonaria do Norte ainda em atividade.

Dia 20 de junho – Decreto eleitoral, alargamento do sufrágio. O diploma resulta do labor de uma comissão de que fazem parte Alexandre Herculano, Fontes Pereira de Melo, José Estevão, António Rodrigues Sampaio, Almeida Garrett, Rebelo da Silva e Rodrigo da Fonseca.

Dia 30 de junho – Procuram-se nomes para a direção do novo centro situacionista. Os nomes mais falados para a direção do centro de apoio à nova situação são os de Lavradio, Rodrigo da Fonseca, visconde de Algés, Garrett, Aguiar, Silva Sanches e José Maria Grande (Lavradio, III, p. 366).

Os cabralistas organizam um centro composto por João Rebelo da Costa Cabral, Padre Lacerda e Caldeira, onde Terceira seria o chefe e José Castilho o redator do jornal. Em 26 de junho, José Bernardo da Silva Cabral escreve carta a Saldanha onde se declara da oposição por causa do decreto eleitoral. Este, José Lourenço da Luz e Monteiro das sete casas passam de grandes regeneradores nos mais ativos oposicionistas (Fronteira, parte VIII, p. 430). As reuniões ocorrem na casa de Terceira, em Pedrouços e participam também Fronteira e António José de Ávila.

As novas sensibilidades segundo Lavradio – Segundo Lavradio, o duque de Saldanha, só, cheio da sua glória, um dia quer proteger os setembristas, outro dia é o homem da moderação, no outro o da espada e quer levar tudo à força: finalmente, não é nada; Loulé, tem bom senso, é liberal, deseja a ordem, não lhe falta ambição, é preguiçoso, mas o seu maior defeito é ter-se ligado com os desordeiros, posto que eu esteja persuadido de que eles o não dominam. Soure, tem pouco saber e ainda menos talento, mas está dominado pelos homens de movimento rápido e desordenado; Pestana é honrado e ilustrado, mas não é homem de Estado; Franzini é uma boa criatura, honrado, desejando o bem, mas é o homem dos infinitamente pequenos e, como a sua consciência o não acusa de nada, vive em perfeita beatitude; Jervis é uma cabeça vazia, ou, se contem alguma coisa, é ar.

Dia 30 de junho – Lavradio avista-se com Saldanha e informa-o do descontentamento provocado pelo decreto eleitoral e da necessidade de um ministro com aptidão para dirigir a eleição, dado que Pestana parecia não ter aptidão para a função (III, p. 366). Há então fortes pressões militares para uma mudança, invocando-se como pretexto o decreto eleitoral. Terceira considera que lavradio e Rodrigo eram o setembrismo personificado (III, p. 371).

A procura de um orador para o situacionismo – O ministério sente necessidade de um orador e pensa-se em Rodrigo ou Garrett.

Julho

Dia 7 de julho – Na primeira grande remodelação desaparece o anterior equilíbrio do gabinete que balouçava entre Atouguia, pelos ordeiros, e Franzini, pelos cartistas, com Loulé a representar o setembrismo. Com a predominância de Rodrigo e Fontes, do ceticismo antigo e do utilitarismo moderno, eis a mistura do antigo letrado rábula e o engenheiro hábil, janota e prático, segundo as palavras de Oliveira Martins (Portugal Contemporâneo, II, p. 236). Segundo Lavradio, Rodrigo procura debalde o juste milieu e parece-me desanimado. Enquanto isto,o Marechal não sabe o que quer; os outros Ministros vão durando; Franzini, consumido por falta de dinheiro.

Dia 18 de julho – Silva Carvalho deixa de apoiar Fontes e Rodrigo – Silva Carvalho critica a ação de Fontes e Rodrigo. Acusa-os de fazerem coro com os patuleias e declara que o partido cartista os desampara e fazia coro com aqueles que o acusavam de frouxo e conivente com a Patuleia.

Dia 26 de julho – A orgia da reação – Novo decreto eleitoral. Herculano considera o diploma como a primeira orgia da reação quando dois terços dos portugueses foram declarados ilotas. As cortes são adiadas por 30 dias até 15 de dezembro de 1851.

Agosto

Dia 5 de agosto – António Fernandes da Silva Ferrão substitui Marino Miguel Franzini na pasta da fazenda (até 21 de agosto).

A procura do empréstimo e os fumos da corrupção – Segundo Lavradio, Franzini já não tinha meios para fazer face às despesas no mês de agosto. Pediu que se contraísse um empréstimo, mas Fontes votou contra. Ferrão era apoiado pelos contratadores do tabaco e pela Companhia das Obras Públicas. E Lavradio sugere corrupção, parecida com a de Costa Cabral.

Dia 21 de agosto – Sai Ferrão. Fontes na fazenda. – Fontes assume a pasta da fazenda (será interino até 4 de março de 1852).

Dia 29 de agosto – Lavradio é despachado para embaixador em Londres, onde permanecerá durante vinte anos.

Novembro

Dia 2 e 16 de novembro – Eleições em 2 e 16 de novembro de 1851. Vitória dos candidatos governamentais. Há 34 deputados da oposição para um total de 159. Os oposicionistas dizem-se cartistas.

Dia 15 de novembro – Reunião das Cortes. Até 24 de julho de 1852. Entre os deputados oposicionistas, António José de Ávila, Correia Caldeira, Lopes de Vasconcelos, Lobo de Moura e António da Cunha Sottomayor. Na Câmara dos Pares, a oposição cabralista conta com o duque da Terceira, o barão de Porto de Mós, Laborim, Granja e Algés. O visconde de Castro passa-se para os regeneradores. José da Silva Carvalho não alinha com os chamados cartistas.

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