1919 – 1922

[indexTimeline years=”1919,1920,1921,1922″]

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Dia 2 de janeiro – Juntas conferenciam com Canto e Castro – Membros da Junta Militar do Norte (coronel Artur da Silva Ramos e major António Coutinho) conferenciam com Canto e Castro no dia 2 de janeiro, pelas 18 horas. Pedem que Egas Moniz e Afonso de Melo abandonem o governo. No dia seguinte já esta Junta faz nova proclamação do país.

Dia 5 de janeiro – A. Drexler funda em Munique o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP). Manifestação unitária de sindicalistas e socialistas, apoiada por republicanos contra as movimentações monárquicas.

Dia 6 de janeiro – Confrontos entre militares monárquicos e republicanos em Vila Real. Coronel Ribeiro de Carvalho, republicano nomeado por Tamagnini, enfrenta uma coluna do major Alberto Margaride, enviado pela Junta do Norte. Ultimato da Junta Militar do Norte a Tamagnini.

Remodelação governamental – Tamagnini Barbosa cede à pressão das juntas monárquicas e afasta do governo as pessoas mais ligadas a Egas Moniz, nomeadamente Afonso de Melo Pinto Veloso, coronel  Corte Real e Forbes Bessa.

Dia 8 de janeiro – O novo governo faz a sua apresentação parlamentar, sendo criticado por Cunha Leal e, no dia 9, no Senado, por Machado Santos. Denunciam a entrega do regime aos monárquicos.

Dia 10 de janeiro – A partir do dia 10, eclodem movimentos revolucionários em Lisboa, Covilhã e Santarém, sob o comando de uma junta revolucionária constituída por Álvaro de Castro (então democrático que repetia o modelo insurrecional de 14 de maio de 1915), Francisco Couceiro da Costa (evolucionista), António Granjo (evolucionista), Jaime de Morais (deputado dezembrista), Augusto Dias da Silva (socialista) e Cunha Leal (deputado dezembrista). Apoiam a junta os militares Ramos de Miranda, Jaime de Figueiredo, capitão Tribolet e António Maria Baptista. Em Lisboa revolta-se o tenente Prestes Salgueiro, até então membro do gabinete do ministro da marinha.

Dia 12 de janeiro – Começa a revolta de Santarém com Cunha Leal. Junta declara querer acabar com a influência monárquica no poder, depurar o exército, defender em todos os campos e inalteravelmente a República. Defendem a nomeação de um governo presidido por Nunes da Ponte, com o general Tamagnini de Abreu a ministro da guerra. Mas este antigo comandante do CEP chefiava as tropas governamentais que se dirigiam para Santarém. Nesse mesmo dia 12, o governo, em nota oficiosa refere a existência de prenúncios de um movimento revolucionário capitaneado por democratas e secundado por agentes bolchevistas.

Dia 15 de janeiro – Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht são assassinados. Falha a insurreição espartaquista em Berlim.

Dia 16 de janeiro – Os revoltosos de Santarém rendem-se incondicionalmente, graças à ação da coluna negra vinda da Covilhã e comandada pelo tenente Teófilo Duarte, governador de Cabo Verde. Esta coluna impediu que a cidade fosse tomada pelas tropas das Juntas, comandadas por Silva Ramos, que tencionava pedir a Paiva Couceiro que encabeçasse o movimento.

Dia 18 de janeiro – Começa a conferência de paz de Versalhes, estando Portugal representado por Egas Moniz.

Dia 19 de janeiro (domingo) – Paiva Couceiro restaura a monarquia no Porto.

Dia 21 de janeiro – Manifestação de republicanos em Lisboa diante do ministério do interior. Começa a guerra na Irlanda, depois dos deputados nacionalistas proclamarem a independência.

Dia 22 de janeiro – Voluntários civis concentram-se no Campo Pequeno para receberem armas e instrução militar. Destaca-se a ação do major de infantaria André Brun. São mobilizados antigos apoiantes civis do sidonismo, como Manuel Inácio Ferraz.

Dia 23 de janeiro – Revolta monárquica de Monsanto em Lisboa. No dia 22 à noite, tropas pró-monárquicas começam a deslocar-se para Monsanto. Assume o comando o próprio Aires de Ornelas, com o apoio do tenente-coronel Álvaro de Mendonça. As tropas republicanas pró-governamentais são comandadas pelo tenente-coronel Vieira da Rocha.

Dia 24 de janeiro – Os monárquicos resistem até à s 17 horas do dia 24. A escalada de Monsanto ficou como uma data histórica e para mim superior à própria proclamação da República (Magalhães Lima).

Dia 26 de janeiro (domingo) – Recomeça a publicar-se O Mundo e o governo apresenta a demissão. O jornal logo comunica que o partido democrático defende uma concentração republicana. Depois de esmagada a revolta monárquica de Monsanto, houve reunião na sede do jornal A Luta presidida por Couceiro da Costa, com Cunha Leal, Álvaro Castro, Tomé de Barros Queirós, Aresta Branco, Fernandes Costa, Xavier Esteves, Inocêncio Camacho, Domingos Pereira, Ladislau Batalha e Augusto Dias da Silva, donde resulta consenso quanto à escolha de José Relvas.

Dia 27 de janeiro – O novo governo, que toma posse no dia 27, começa por juntar representantes de todos os partidos, incluindo os próprios sidonistas (na justiça, estrangeiros, comércio e colónias), cujo parlamento se manteve até 19 de fevereiro, data em que se regressou formalmente à plena vigência da Constituição de 1911. Augusto Dias da Silva, socialista, no trabalho. Pretendia-se um gabinete de concentração republicana, destinado a combater os realistas e nunca os sidonistas republicanos. Manteve a reforma sidonista da Lei da Separação, da autoria de Moura Pinto, e acordou-se quanto ao não imediato regresso dos exilados pelo sidonismo. Relvas observa: não posso correr o risco de ver as procissões cívicas nas ruas de Lisboa, clamando a intangibilidade da lei da Separação e festejando em apoteoses, como as piores de 1911, Afonso Costa e Bernardino Machado.

Dia 4 de fevereiro – No acto de apresentação parlamentar, perante o parlamento sidonista, o gabinete proclamava que era de todos os partidos, não tem partido algum, o seu partido é a república. Chamam-lhe o ministério da desforra. No plano do intervencionismo económico, advoga-se a liberdade de comércio e trânsito de géneros, com eliminação das proliferações regulamentares.

Dia 11 de fevereiro – As tropas republicanas são comandadas pelo general Alberto Ilharco. Em 11 de fevereiro Abel Hipólito conquista Estarreja aos monárquicos.

Dia 13 de fevereiro – Só no dia 13 se põe fim à Traulitânia, principalmente pela ação de Sarmento Pimentel que subverte a guarda real do Porto.

Dia 17 de fevereiro – Acaba a monarquia no Norte – No dia 17 cai Vila Real.

Dia 17 de fevereiro – Decreto de 17 de fevereiro sobre a liberdade de trânsito e comércio de vários géneros. O governo opta pelo regime dos preços máximos em vez dos anteriores preçários fixos do tabelamento. Alargado o regime da liberdade comercial ao trigo, arroz, batata e feijão.

Dia 19 de fevereiro (Decreto publicado no dia 21) – Dissolução do parlamento sidonista, anunciando-se o regresso à chamada república velha. Invoca-se o facto do parlamento sidonista não ter ratificado as medidas governamentais para a defesa da República. As eleições são convocadas para 13 de abril.

Dia 21 de fevereiro – Comício no Coliseu dos Recreios em Lisboa presidido por Fernando Boto Machado. Discursam Estevão Pimentel, Cunha Leal, Costa Júnior e Ramada Curto. Cunha Leal proclama: o governo não deve prender-se neste momento com constitucionalidades … deve decretar a dissolução do Parlamento… A República não está feita. Respira-se ainda no Terreiro do Paço uma pesada atmosfera de reacionarismo. Dir-se-ia que o Marquês de Pombal nos está pesando sobre o cachaço. É preciso purificar o ambiente. É preciso insuflar a vida da República. Vamos injetar-lhe a cafeína que necessita.

Tumultos. Pede-se o desarmamento da polícia cívica. Nisto entra na sala João Soares, enviado do governo, comunicando que o decreto com a dissolução parlamentar já está assinado.

Governo refugia-se no quartel do Carmo – Na manifestação de rua que se segue, dá-se um ataque ao ministério do interior, onde se encontrava José Relvas, o presidente do ministério, e ao quartel de Infantaria 33 do castelo de S. Jorge, considerado um bastião do sidonismo. Governo tem de refugiar-se no quartel do Carmo.

Dia 22 de fevereiro – Levantamento comunista em Budapeste por Bela Kun.

Dia 23 de fevereiro – Extinção da polícia cívica e demissão do governador civil de Lisboa, António Miguel, logo substituído pelo tenente Prestes Salgueiro. Policiamento de Lisboa passou a ser feito pela GNR e pela Guarda Fiscal.

Substituição de governadores civis – Segue-se uma vaga de substituição de governadores civis e de nomeação de comissões administrativas para os municípios, numa partilha de que beneficiaram os democráticos. Para o governo civil do Porto será nomeado o democrático José Domingues dos Santos.

Democráticos assaltam o poder local – Segundo Relvas, os democráticos convenceram-se de que a restauração da República foi a sua própria restauração como partido político e como não podem assaltar o poder Central vão treinando as suas forças nos assaltos locai sobre o Terreiro do Paço.

Dia 23 de fevereiro – Sai o primeiro número do jornal anarco-sindicalista A Batalha, dito porta-voz da organização operária portuguesa.

Dia 26 de fevereiro – Estabelecido o regime de liberdade de comércio para o trigo, arroz, batata e feijão.

Dia 1 de março – Decretos de 1 de março de 11 de abril de 1919 estabelecem nova lei eleitoral que regressa aos modelos das leis de 1913 e de 1 de junho de 1915.

Dia 4 de março – Fundado o Komintern em Moscovo (III Internacional).

Dia 7 de março – Decreto nº 5 516 estabelece o horário de trabalho em 8 horas.

Dia 12 de março – Afonso Costa substitui Egas Moniz na conferência de paz de Paris (data da nomeação). Toma posse no dia 17.

Dia 14 de março – Suspensos vários professores em Coimbra, entre os quais Salazar, Fezas Vital, Magalhães Colaço e Carneiro Pacheco, da faculdade de direito, Diogo Pacheco de Amorim, de ciências, e Mendes dos Remédios, de letras.

Dia 18 de março – Mendes dos Remédios demite-se de reitor da Universidade de Coimbra, sendo substituído interinamente pelo bacharel Joaquim Coelho de Carvalho, antigo presidente da Academia das Ciências.

Dia 21 de março – Bela Kun proclama a República Soviética da Hungria.

Dia 23 de março – Constituída a Associação de Classe dos Empregados do Estado. Francisco Nogueira de Brito é o secretário-geral. Fundado em Milão o primeiro fascio.

Dia 26 de março – O juiz Vieira Lisboa é nomeado para fazer uma sindicância aos professores de Coimbra.

Dia 27 de março – Governo apresenta demissão. Relvas era defensor de uma remodelação dos partidos, mas os evolucionistas em 8 de março recusam fusão com os unionistas num partido conservador. António José de Almeida apenas admitia que os unionistas passassem a integrar o partido evolucionista. Relvas não queria presidir a uma vitória eleitoral dos democráticos.

Greve dos tipógrafos em Lisboa.

Dia 30 de março – Governo de Domingos Pereira – Depois da saída dos ministros sidonistas, surge um novo governo, presidido pelo democrático Domingos Pereira, com um independente, cinco democráticos, três evolucionistas, dois unionistas e dois socialistas.

Março – Domingos Pereira, segundo Damião Peres, era um vulto democrático irrelevante na política antes da sua inclusão no governo de José Relvas.

Dia 5 de abril – Por decreto de 5 de abril, Lobo de Ávila Lima volta a ser demitido da docência universitária. Protesto da Faculdade de Direito de Lisboa, a que não se associa Barbosa de Magalhães.

Dia 6 de abril – Manifesto governativo.

Dia 7 de abril – Decreto nº 5 367 de 7 de abril cria a Polícia de Segurança do Estado a partir da Polícia Preventiva, até aí mera secção da Polícia Cívica de Lisboa que contava com 27 agentes. Esta polícia, em 4 de fevereiro de 1922 transforma-se em Polícia de Defesa Social. Greve na CUF contra os despedimentos em 7 de abril. Nesse dia é proclamado o Estado Soviético em Munique que dura até 8 de maio.

Dia 10 de abril – Emiliano Zapata, chefe da insurreição camponesa do México, é assassinado.

Dia 12 de abril – Greve dos corticeiros do Barreiro e dos estofadores e decoradores de Lisboa.

Dia 13 de abril – Alberto Madureira tenta a criação de um partido republicano conservador, com o unionista Nunes da Ponte, o sidonista ex-monárquico Francisco Fernandes e o sidonista António Miguel de Sousa Fernandes, antigo governador civil de Lisboa.

Dia 15 de abril – A Junta Municipal de Lisboa dos evolucionistas manifesta-se contrária à dissolução do partido.

Dia 16 de abril – Reunião no consultório de Egas Moniz de delegados dos partidos centrista, unionista e evolucionista, com republicanos independentes, tendo em vista a unificação naquilo que então se qualificava como o partido republicano reformador. Malogro, face à resistência dos evolucionistas.

Defesa de um rotativismo moderados/radicais – O evolucionista Ribeiro de Carvalho, em entrevista a A Capital, defende um grande partido moderado, incluindo democráticos, que se oporia a um grande partido radical, para onde deveriam transitar os radicais democráticos, evolucionistas e unionistas, o que só se conseguiria com a dissolução dos três grandes partidos.

Dia 17 de abril – Nova lei do arrendamento – Decreto nº 5 411 de 17 de abril proíbe a elevação das rendas de casa.

Dia 18 de abril – Comício do Partido Socialista no teatro Apolo.

Dia 23 de abril – Lei sobre as 8 horas diárias de trabalho em França.

Dia 24 de abril – Ex-parlamentares evolucionistas reúnem com António José de Almeida e manifestam-se contrários à dissolução do partido.

Dia 25 de Abril – Inaugurado solenemente o começo da construção do bairro social do Arco do Cego em Lisboa. Por decretos de 6 de março e de 15 de abril autorizava-se o governo a negociar empréstimos para a construção de bairros sociais. Em Lisboa, previam-se mais dois, um em Alcântara e outro na Ajuda. O processo foi marcado por um total fracasso. Logo em junho de 1921 é suspensa a construção dos projetados bairros à exceção do do Arco do Cego. Em janeiro de 1922 é nomeada uma comissão de inquérito. Uma lei de 5 de maio de 1922 suspende os trabalhos. Nova lei de 13 de setembro de 1922 permite apenas a conclusão das obras do bairro do Arco do Cego. A liquidação total ocorre em 23 de outubro de 1925. As obras no bairro do Arco do Cego apenas se concluem já depois do 28 de maio.

Dia 26 de Abril – Juiz Vieira Lisboa conclui sindicância aos professores de Coimbra.

Dia 28 de abril – Publicado o Pacto da Sociedade das Nações. Greve dos metalúrgicos e dos serviços camarários em Lisboa. Livre importação de azeite estrangeiro com acidez não superior a 5 graus.

Dia 1 de maio – 30 000 pessoas num comício sindical em Lisboa, no Parque Eduardo VII, convocado pela União dos Sindicatos Operários de Lisboa.

Dia 2 de maio – Reformas universitárias de Leonardo Coimbra. As greves recomeçam em força no dia 2 de maio (carris, águas, cesteiros e alfaiates). Incêndio no serviço de encomendas postais do Terreiro do Paço. Conselho de Ministros lança apelo ao operariado.

Dia 3 de maio – Incêndio na cadeia do Limoeiro. Pede a demissão o ministro do trabalho; o ministro da guerra mandara prender os grevistas da Companhia das Águas.

Dia 6 de maio – Fim da greve na Companhia das Águas.

Dia 7 de maio – A greve dos funcionários camarários de Lisboa termina.

Dia 8 de maio – A greve da Carris termina. Greves da construção civil no Porto e em Guimarães.

Dia 8 de maio – Criado o Conselho Superior de Finanças por decreto nº 5 525. Substitui o anterior Conselho Superior de Administração Financeira do Estado criado em 11 de abril de 1911. O organismo está na base do Tribunal de Contas, apenas criado em 1930.

Dia 10 de maio – Decretos nº 5 609 e nº 5 610 reformam os serviços prisionais (ministro António Granjo). O modelo vai estar em vigor durante cerca de uma década. Decreto nº 5 576 de 10 de maio repõe em vigor o modelo de delitos sociais, conforme o estilo da lei celerada de João Franco O novo diploma pune bombistas, com possibilidade de degredo para o Ultramar.

Na véspera das eleições, surgia o mais gordo diário oficial da história portuguesa, onde, para além do pacote laboral se publicam 30 suplementos, que segundo os adversários, cria cerca de 17 mil novos empregos públicos. Todos nomeados por conveniência do serviço público, sem o visto do Conselho Superior de Finanças.

Os números são incertos, mas em março já haviam sido saneados 500 oficiais do exército. Mas em 1930, contabilizavam-se mais de 17 000 funcionários do que em 1911, enquanto as forças armadas, nesse período, também aumentaram em cerca de 16 000 efetivos.

Reforma da GNR – Só a reforma da GNR (decretos nº 5 568 e 5 787, incluídos no 4º suplemento) aumenta os quadros de efetivos de 5 001, de 1911, para 18 956 homens.

Publicação, também em 10 de maio de 1919, de um pacote legislativo laboral que incluía tanto uma lei do horário de trabalho, como a institucionalização de um Instituto de Seguros Sociais  e a obrigatoriedade de seguro social em casos de acidente, doença e velhice (decretos nº 5 636, nº 5 637 e nº 5 638).

Horário de trabalho – Estabelecida a semana das 48 horas para a maioria dos trabalhadores. 42 horas para bancos e escritórios pelo decreto nº 5 516. Diploma entra em vigor no dia 1 de novembro.

Emparcelamento – Pelo decreto nº 5 705, também de 10 de maio, estabelece-se o regime do emparcelamento de glebas ou parcelas rústicas.

É dissolvida a Faculdade de Letras de Coimbra e transferida para o Porto no dia 22 de maio (decreto datado de 10 de maio). Em 2 de maio Leonardo Coimbra reformara o estudos de filosofia, criando duas novas cadeiras e nomeando imediatamente os respetivos professores.

Dia 11 de maio – Eleições. Estavam marcadas para o dia 13 de abril, quando foi dissolvido o parlamento sidonista. Apenas 7% de participação. Vitória dos democráticos.

Dia 13 de maio – Greve da CUF.

Dia 14 de maio – No dia 14 houve protesto da faculdade, apoiado pelos estudantes no dia 15.

Dia 15 de maio – O professor de direito Joaquim Pedro Martins é nomeado ministro de Portugal junto da Santa Sé.

Dia 16 de maio – Grande comício operário em Lisboa.

Dia 19 de maio – Coelho de Carvalho é nomeado reitor efetivo da Universidade de Coimbra. Leonardo Coimbra demite Mendes dos Remédios por este se ter associado ao protesto do dia 14. Abandonará o cargo em 26 de junho.

Dia 2 de junho – Reabertura do Congresso da República – Canto e Castro apresenta a respectiva renúncia.

No dia 3 o Congresso já reúne e pede a Canto e Castro que continue.

Entretanto, Bernardino Machado, envia de Paris a respetiva renúncia (invocando a não aceitação da legitimidade sidonista), mas esta só chega a Lisboa no dia 16 de junho. O novo Congresso tem muita gente nova, desaparecendo grande parte das anteriores figuras republicanas.

Dia 3 de junho – Começa uma vasta greve ferroviária que durará dois meses, com várias sabotagens.  Abrange as linhas do Norte, Oeste e Leste, bem como as ligações com o estrangeiro.

Dia 6 de junho – Governo manda encerrar sindicato dos ferroviários.

Dia 7de junho – Os socialistas protestam no Congresso contra o encerramento dos sindicatos ferroviários, mas é votada moção de confiança ao governo.

Dia 10 de junho – Passa por Lisboa, vindo de França, o presidente brasileiro Epitácio Pessoa.

Dia 12 de junho – Governo pede a demissão.

Dia 13 de junho – Aprovada moção de confiança ao governo. Prepara-se greve geral.

Dia 16 de junho – Grande comício operário.

Dia 17 de junho – Greve geral de 48 horas, com sucesso parcial. Explodem várias bombas. Os sindicatos gráficos impedem a saída dos jornais. Socialistas criticam A Batalha. Encerrada a sede da União Operária Nacional. O governo apresenta sucessivos pedidos de demissão e recebe sucessivas moções de confiança.

Dia 18 de junho – Regime da venda de carnes congeladas.

Dia 20 de junho – Sai o primeiro número de Avante!, dito Diário Operário da Tarde.

Dia 25 de junho – Governo insiste no pedido de demissão.

Dia 28 de junho – Alemanha assina o Tratado de Versalhes. Em 22 de junho os deputados alemães votam favoravelmente as condições de paz.

Dia 29 de junho – Governo de Sá Cardoso – Cerca de dois meses depois das eleições de 11 de maio, surge um novo governo, presidido por Sá Cardoso e dominado pela ala moderada e conciliadora dos democráticos, com uma maioria de futuros reconstituintes. Dos novos ministros, apenas Rodrigues Gaspar tinha anterior experiência governativa. Só Lima Alves e Melo Barreto não estavam inscritos nos democráticos.

Durante a vigência deste governo, continuam as greves, nomeadamente de ferroviários (de 3 de junho a 1 de setembro), bem como os atentados bombistas (um deles, em 9 de julho, contra o empresário Alfredo da Silva).

Dia 30 de junho – Apresentação parlamentar. O programa era muito extenso, levando o deputado Afonso de Melo a dizer que ele podia ser um lema de ação durante pelo menos cinquenta anos.

Dia 7 de julho – Discussão parlamentar sobre a greve dos ferroviários. O deputado socialista Ramada Curto, ex-ministro democrático, critica o governo pela atuação destes na greve dos ferroviários, mas o governo obtém a confiança parlamentar.

Dia 18 de julho – Atentado frustrado contra Alfredo da Silva. Começa a discussão parlamentar sobre a revisão constitucional em 21 de julho. Projeto aprovado no dia 1 de agosto.

Dia 27 de julho – Derrota de Bela Kun na Hungria.

Dia 31 de julho – Apresentação do orçamento. Défice de 82 125 contos. Despesas com o pessoal absorvem 84% das receitas. Alemanha adota a Constituição de Weimar.

Julho – Assalto à igreja dos Congregados e ao jornal O Debate.

Dia 5 de agosto – Incêndio na garagem do parque automóvel do estado. Começa o julgamento dos conspiradores monárquicos.

Dia 6 de agosto – António José de Almeida é eleito presidente da república.

Dia 9 de agosto – Atacada à bomba a estação de Santa Apolónia.

Dia 15 de agosto – Bombas na estação do Rossio. Tiroteio no Entroncamento. Continuam os descarrilamentos de comboios. Põem-se grevistas nos primeiros vagões das composições. Álvaro de Castro no parlamento defende uma política de sacrifício e compressão das despesas.

20 de Agosto – António Maria da Silva fala na Câmara dos Deputados no desregramento económico, político e financeiro. Alves dos Santos replica: é uma verdadeira falência. Já se fala em bancarrota.

Dia 27 de agosto – Pela lei nº 861, de 27 de agosto restabelece-se a Faculdade de Letras de Coimbra e cria-se outra no Porto que começa a funcionar no ano letivo de 1919-1920. A proposta foi apresentada logo em 23 de julho. Nesse diploma surgem restrições à autonomia universitária, dado que os reitores e os diretores de faculdade passam a ser de nomeação governamental. Entre os professores iniciais da faculdade do Porto, entre 1921 e 1928, Leonardo Coimbra, J. Teixeira Rego, A. Mendes Correia, Damião Peres, Hernâni Cidade e Aarão Lacerda.

Dia 1 de setembro – Fim da greve dos ferroviários. Atuação enérgica do ministro da guerra Helder Ribeiro conseguiu restabelecer alguma circulação.

Dia 2 de setembro – O deputado democrático Abílio Martins diz que os escândalos do Hinton e os roubos do Crédito Predial são pequenos episódios quando comparados com as monstruosidades do ministério dos abastecimentos.

Dia 3 de setembro – O deputado Ladislau Batalha considera: a usura dos produtores, dos comerciantes, dos intermediários e dos consumidores é que faz com que os géneros faltem … o próprio público é açambarcador pelo espírito de viver, enquanto o outro o é pelo espírito de enriquecer.

Tumultos em Lisboa pelo facto da câmara municipal ter mandado destruir o passeio central do Rossio. Tumultos no Porto, durante um comício contra a carestia de vida. Assaltos a celeiros em Elvas.

Dia 12 de setembro – Gabriel D’ Annunzio conquista Fiume.

Dias 16 a 28 de setembro – Dois representantes integralistas, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, deslocam-se à Inglaterra, para conversações com D. Manuel II.

Dia 17 de setembro – Extinto o ministério dos abastecimentos em 17 de setembro, pela lei nº 882. Até então, o seu titular, a título interino, era o ministro do comércio Ernesto Navarro.

Dia 18 de setembro – No II Congresso Operário Nacional realizado em Coimbra, constitui-se a Confederação Geral do Trabalho. Segue-se o modelo da CGT francesa, por inspiração de Emílio Costa.

Jornal A Montanha do Porto questiona: Partido Democrático? Qual? O de Afonso Costa? O de Domingos Pereira? O de António Maria da Silva? O de Álvaro Castro? Valha-nos Deus.

Dia 19 de setembro – Tratado de Saint Germain en Laye entre os aliados e a Áustria.

Dia 22 de setembro – Lei nº 891, de 22 de setembro, concede ao Presidente da República o direito de dissolução do Congresso. Relatório elaborado por Alberto Xavier, com a oposição de Barbosa Magalhães.

Dia 30 de setembro – Alberto Xavier é nomeado diretor geral da fazenda pública.

Em fins de setembro, dissolvem-se os partidos unionista e evolucionista. A reunião dos unionistas decorrem em 29 de setembro. O congresso dos evolucionistas em 30 de setembro e 1 de outubro.

Dia 5 de outubro – António José de Almeida toma posse do cargo de presidente da república. Havia sido eleito em 6 de agosto.

Criado o Partido Republicano Liberal.

Sai o primeiro número de A Bandeira Vermelha, dito semanário comunista, instituindo-se a Federação Maximalista Portuguesa, criada em setembro. Trata-se de um grupo dissidente da CGT, o primeiro a defender a revolução russa em Portugal. Entre os seus principais militantes, Manuel Ribeiro, António Peixe, Francisco Dias, Arsénio Filipe e José da Silva Oliveira. Em março de 1921, a partir desta base, cria-se o Partido Comunista Português.

Congresso do Partido Democrático. Reeleição de Afonso Costa, tendo como rival José Domingues dos Santos. Conflitos entre Domingos Pereira, António Maria da Silva e Álvaro de Castro.

Dia 8 de outubro – António Granjo é eleito líder parlamentar dos liberais.

Grupo popular – Nesse dia, Júlio Martins, ex-evolucionista, anuncia a constituição do grupo parlamentar popular. Terá o apoio de alguns grupos de radicais democráticos.

Dia 13 de outubro – O diretório do Partido Nacional Republicano aconselha a dissolução do mesmo grupo. Este partido era então liderado por Egas Moniz. Idêntica posição toma a fação que se lhe opunha, dirigida por~Feliciano Costa e que publicava A Situação, em 15 de outubro.

Dia 20 de outubro – Os integralistas anunciam no jornal A Monarquia que se desligam da obediência a D. Manuel II.

Greve dos barbeiros em Lisboa. Da construção civil em Guimarães. Dos descarregadores de terra no Porto. Dos soldadores em Olhão. Dos operários conserveiros em Setúbal. Dos carniceiros em Faro. Bombas na Marinha Grande e contra um comboio no Porto.

Dia 26 de outubro – A Bandeira Vermelha proclama fazer em toda a parte a apologia da revolução russa.

Dia 16 de novembro – Eleições legislativas em França. Vitória do bloco nacional de direita.

Dia 18 de novembro – Liberdade de importação, comércio e trânsito da batata, feijão e arroz.

Dia 22 de novembro – Aprovadas as bases regulamentares do Centro Católico Português durante o II Congresso do CCP, o chamado congresso da reestruturação, realizado em Lisboa, no Beco do Apóstolos, à Rua da Flores, na sede da Associação Católica.

Lino Neto na liderança. Saída dos monárquicos – O movimento, fundado em 8 de agosto de 1917, elegeu para presidente António Lino Neto, advogado e professor de economia política do Instituto Comercial e Industrial de Lisboa, apoiado por uma comissão central de que fazem parte António Pereira Forjaz, professor da faculdade de ciências de Lisboa, José da Fonseca Garcia, advogado. Da anterior comissão central, saíam Pinheiro Torres e Fernando Sousa (Nemo), marcados por militância monárquica. Na altura comemoram-se as festas do Beato Nuno. Há delegados de 13 dioceses.

Dia 27 de novembro – Tratado de Neuilly entre os aliados e a Bulgária.

Novembro – Greve dos sapateiros em Braga. Tumultos em Setúbal. Atentado à bomba contra Alfredo da Silva. Apupos a António Granjo no Porto. Assalto ao semanário monárquico de Coimbra, Ressurreição.

Dia 1 de dezembro – Em carta dirigida a Aires de Ornelas, D. Manuel II critica o procedimento dos integralistas.

Dia 2 de dezembro – Decreto nº 6 263 agrava sobretaxas da importação, estabelece a liberdade das exportações e restringe as remessas de fundos e títulos em ouro para fora do país. Criado um Conselho Fiscalizador do Comércio Geral e Câmbios.

Cunha Leal critica o decreto de 2 de dezembro que vem a ser modificado no dia 20, conforme o pedido de várias forças vivas. No dia 22, os ministros das finanças, da agricultura e do comércio pedem a demissão por causa deste processo.

Dia 18 de dezembro – Encíclica de Bento XV aos prelados portugueses, apoia expressamente a criação do CCP.

Dia 19 de dezembro – Descoberto em Lisboa um arsenal que se situava numa dependência de uma escola primária.

Dia 22 de dezembro – Pedem a demissão os ministros das finanças, da agricultura e do comércio, por causa do decreto de 2 de dezembro.

Dia 29 de dezembro – Sá Cardoso em entrevista ao Diário de Notícias, refere a existência de agitadores no seio da classe operária.

Dia 30 de dezembro – Estabelecido o regime do processo sumário para matérias relacionadas com géneros açambarcados ou adulterados (lei nº 922 de 30 de dezembro).

Greves em Lisboa do pessoal dos elétricos, dos pasteleiros, dos cozinheiros e dos trabalhadores do mar. Bombas em Lisboa, Coimbra e Porto.

Em dezembro de 1919 surge o primeiro doutor em direito por Lisboa, Jaime de Gouveia. Havia cursado em Coimbra.

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Dia 3 de janeiro – Segundo A República, órgão dos liberais, eis que saem moderados e entram radicais.

Dia 8 de janeiro – Depois da remodelação governamental de 3 de janeiro de 1920, com reforço dos democráticos e de ser aprovada uma moção de confiança no dia 8, por 51-39, eis que Sá Cardoso, agravado pelas críticas da oposição apresenta a demissão. O presidente convida o liberal Fernandes Costa para formar governo. O deputado Ventura Malheiro Reimão chegou então a declarar não temos dinheiro, estamos em bancarrota. Di-lo uma pessoa que já foi ministro das finanças.

Dia 10 de janeiro – Criado o Consórcio Bancário com a missão de fixar os câmbios diariamente. Será extinto em 20 de novembro. Entra em vigor o Pacto da Sociedade das Nações. Afonso Costa assumia-se como o primeiro representante português na primeira assembleia da Sociedade das Nações.

Dia 15 de janeiro – Governo de Fernandes Costa – O governo não chega a tomar posse, face a uma manifestação de rua, comandada pela ala radical do partido democrático, a chamada  formiga branca, que havia sido organizada pelo antigo governador civil de Lisboa, Daniel Rodrigues. Os nomeados ministros, antes de tomar posse estavam reunidos no edifício da Junta de Crédito Público e foram alvo de uma manifestação hostil. Fernandes Costa logo desistiu.

No mesmo dia há uma tentativa de assalto ao jornal A Luta, tendo o indigitado ministro do interior, António Granjo, que defender o jornal de pistola na mão. O mesmo Granjo segue depois para defender A República. Foi imediatamente reconduzido o anterior gabinete de Sá Cardoso.

António José de Almeida encarrega o liberal Tomé de Barros Queirós de formar um ministério nacional, mas este, logo no dia 17, desiste do intento.

Segue-se novo fracasso de Correia Barreto, presidente do Senado, que também desistiu (convidado a 17, desiste a 19). Recorre-se finalmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Domingos Pereira.

Dia 19 de janeiro – Começa a publicar-se A União, órgão do Centro Católico Português. Tem como diretor António Lino Neto. Viverá inúmeras polémicas com A Época, jornal dirigido por José Fernando de Sousa (Nemo).

Dia 20 de janeiro – Nova greve geral, fracassada. A declarada greve geral constituiu um fracasso. Dura até ao dia 24.

Dia 21 de janeiro – Governo de Domingos Pereira – O governo, constituído em 21 de janeiro, reúne quatro democráticos, quatro liberais e um socialista.  Dá-se um agravamento da crise das subsistência, com inúmeras resistências populares à requisição de bens essenciais.

Logo no dia 21 foi declarado o estado de sítio no Porto. Encerradas sedes sindicais e presos dirigentes.

Dia 22 de janeiro – António Granjo, no parlamento, declara que os acontecimentos do dia 15 tiveram ligações militares, numa alusão indirecta à GNR.

Apresentação parlamentar do governo no dia 22. Apoio completo dos democráticos. Liberais: mais alguma coisa que expetativa benévola. Populares, através de António Granjo: oposição sistemática. Jornal A República fala na existência de jovens turcos e de organizações secretas do Exército.

Dia 24 de janeiro – Termina a greve geral. O jornal A Batalha, em fevereiro, declara que os republicanos apunhalaram a República e o grande combate (entre conservadores e trabalhadores) aproxima-se.

Dia 3 de fevereiro – Apresentada a proposta de orçamento de Álvaro de Castro. António Maria da Silva terá dito na Câmara dos Deputados que o país tem estado a saque.

Dia 4 de fevereiro – Prosseguem os atentados terroristas e as greves, nomeadamente de ferroviários (de 28 de fevereiro a 4 de março) e funcionários públicos (a partir de 3 de março). Destaque para a greve dos sapateiros, com ataques bombistas a sapatarias. Greve do caminho de ferro do Sul e Sueste. Petardos em Lisboa no dia 18.

Dia 18 de fevereiro – Fixação dos preços do açúcar.

Dia 19 de fevereiro – Em O Século começa uma campanha contra as moagens.

Dia 20 de fevereiro – Fixação dos preços do azeite.

Dia 21 de fevereiro – Bombas em Lisboa. Tumultos prosseguem nos dias 22, ataque a O Século, e 23, dia do processo a Teófilo Duarte. Determinado o arrolamento de todo o gado disponível.

Dia 1 de março – Almirante Horty torna-se regente da Hungria, estabelecendo um regime autoritário.

Dia 2 de março – No jornal A Capital, o ministro Celestino de Almeida faz declarações contra as moagens, referindo as dívidas ao Estado.

Dia 4 de março – Governo apresenta demissão.

Dia 5 de março – Governo manda ocupar a sede da CGT onde reuniam sindicalistas da construção civil. António Maria da Silva é convidado a formar governo, mas logo desiste por  falta de apoio dos populares.

Dia 7 de março – Álvaro de Castro abandona o partido democrático.

Dia 8 de março – O governo emite manifesto à nação por causa da greve dos funcionários públicos.

Em 9 de março – Constituída a resistência reconstituinte – Carta de Álvaro de Castro ao diretório. No dia 11 comunica a dissidência ao Congresso e consegue a adesão de Sá Cardoso e de outros deputados democráticos, bem como de alguns dissidentes do partido liberal. Em 2 de abril, manifesto assinado por 19 deputados (entre eles, Américo Olavo, Artur Lopes Cardoso, Carlos Olavo, Ferreira da Fonseca, Rego Chaves, Helder Ribeiro, Pereira Bastos, Camarate Campos, Manuel Alegre e Pedro Pita). Entre os senadores, Lima Alves, Melo Barreto, Namorado de Aguiar e Vasco Marques.

Dia 8 de março – Governo de António Maria Baptista – Gabinete constituído em 8 de março, quando Baptista aparecia como homem da confiança do patronato. Tinha como missão fundamental solucionar as greves. O governo todo ele é democrático, à exceção de Júdice Biker, membro do partido liberal, mas não em representação deste. Baptista era, segundo Pabón, apoplético, míope e ignorante.

Dia 9 de março – Apresentação parlamentar: ordem pública, ordem pública, ordem pública. Regresso ao intervencionismo económico. Apoio dos democráticos, socialistas e populares. Reconstituintes, em expetativa. Liberais, oposição franca e lealRamada Curto considera que os empregados do Estado não têm direito à greve porque não são proletários.

Dia 10 de março – No parlamento, tumultos nas galerias.

Dia 11 de março – Continuam as greves, nomeadamente dos metalúrgicos (começa no dia 11 de março) e da construção civil, bem como os atentados terroristas.

Dia 12 de março – Parlamento adiado até 11 de abril. Votam contra os liberais e socialistas.

Dia 13 de março – Greve dos funcionários públicos termina. António José de Almeida intervém no sentido de uma solução honrosa do conflito. Nesse dia é concedido o sistema de ajudas de custo aos funcionários. Apenas continua nos serviços dos correios e telégrafos. A greve começou no dia 4 de março.

Dia 15 de março – Começa a greve da indústria do mobiliário.

Dia 17 de março – Grandes tumultos nos dias 17 e 19 de março. Sindicalistas disparam sobre a GNR. Operários dão vivas  à Rússia Vermelha.

Dia 18 de março – Termina o conflito russo-polaco com a assinatura do Tratado de Riga. Em março, Lenine institui a NEP (nova política económica).

Dia 19 de março – Uma flotilha inglesa faz exercício de tiro real diante do Terreiro do Paço. Temia-se uma revolução bolchevique em Lisboa. Encerrada a sede da CGT, que apelara à greve geral, com confrontos entre grevistas e membros da GNR.

Ultimato do governo aos grevistas dos serviços telegráfico-postais.

Dia 20 de março – O governo emite um pacote de decretos sobre a questão das subsistências, nomeadamente pelo tabelamento de bens essenciais e de interdição das exportações, contrariando a linha de liberalização dos anteriores gabinetes. Anulado o decreto de 5 de março que estabelecia a liberdade de comércio para os açúcares. Fixação dos preços máximos para azeite, arroz, batata, café, feijão, grão, milho nacional da última colheita, carvão vegetal e leite. Determina-se a apreensão destes géneros para serem postos à disposição do governo sempre que os mesmos sejam encontrados em local onde não estivessem à venda. Proibida a exportação de toros de pinho. Manifesto obrigatório de gado.

Dia 22 de março – Surge uma lei-travão, proibindo a apresentação de propostas envolvendo aumentos das despesas ou diminuição das receitas. É intensa a fuga de capitais.

Dia 24 de março – Encerrados os sindicatos da construção civil e dos metalúrgicos, bem como a sede da União Sindical Operária, com grande aparato policial. Apreendido o jornal A Batalha que acusa o governo de ressuscitar os processos do regime sidonista. Nesse dia, um decreto determinava medidas excecionais contra os grevistas dos serviços telegráfico-postais e dos operários da construção civil nas obras do Estado.

Dia 26 de março – Proibida a exportação de tecidos, malhas de lã e algodão.

Dia 27 de março – A Batalha suspende a sua publicação regular como jornal diário.

Dia 28 de março – Greve de protesto contra o encerramento de A Batalha.

Dia 30 de março – Termina a greve dos correios – Carteiros regressam ao trabalho.

Dia 3 de abril – Proibida a exportação de calçado.

Dia 5 de abril – Termina a greve da construção civil.

Dia 8 de abril – Obrigatoriedade de manifesto para açúcares estrangeiros.

Dia 10 de abril – Começa a greve dos operários dos arsenais.

Dia 11 de abril – Reabre o parlamento.

Dia 12 de abril – Por ocasião de uma manifestação de apoio ao governo na Rua Augusta, bombas e mortes.

Dia 13 de abril – Pacote de propostas financeiras do governo.

Dia 14 de abril – Deputado Costa Júnior, socialista, interpela o ministro da agricultura, advogando um tipo único de pão e acusando a panificação de praticar fraudes pela existência de dois tipos de farinha e de pão. Nos dias 14 e 15 de abril, atentados em Lisboa, Porto, Faro e Beja.

Dia 15 de abril – Termina a greve dos metalúrgicos iniciada em 11 de março.

No mesmo dia 15 é apresentada no parlamento uma proposta de lei de repressão aos bombistas, com deportação imediata para os dinamitadores.

Dia 20 de abril – Discurso de Cunha Leal na Câmara dos Deputados, atacando as moagens: a guerra permitiu, com o auxílio da fraude, reunir nas mãos da Moagem capitais disponíveis enormes. A pouco e pouco, as mogens começaram a alargar o seu campo de operações. Eles são senhores, entre outras coisas, do seguinte: moagens, panificação, indústria da bolacha e fabrico de massas, energia hidráulica, minas de carvão, metalurgia, indústria de fiação, etc. O seu poder torna-se estranho, compram jornais políticos e não políticos e manobram, assim, à vontade, a consciência pública.

Dia 23 de abril – Jovens Turcos tomam o poder… na Turquia – Primeira reunião da Assembleia Nacional turca. Mustafá Kemal eleito presidente do comité executivo. Sultão será destituído a 11 de maio.

Dia 24 de abril – Adoção de um tipo único de pão. Elevado o preço do trigo exótico $25/kg no preço de entrega à Moagem. Mantém-se para o trigo nacional o preço de $22/kg.

Dia 30 de abril – Deputado Lello Portela discursa na Câmara dos Deputados sobre a fuga de capitais.

Dia 1 de maio – Comemorações do dia 1 de maio contra a ditadura das forças vivas. Retrocede a ofensiva sindical. Governo apoia-se nos grupos de defesa da República, aliando-se os carbonários democráticos com representantes das associações patronais que, neste transe, apoiam António Maria da Silva.

Dia 5 de maio – Proibida a exportação de adubos orgânicos.

Dia 6 de maio – Deputado socialista Ladislau Batalha critica o tipo único de pão, por significar pão mais caro e pior. Governo apresenta novas propostas financeiras.

Dia 11 de maio – É criado um Tribunal de Defesa Social (dois juízes nomeados pelo governo e um pela magistratura) para criminosos de delitos sociais e bombistas.

Dia 15 de maio – Redução dos quadros do funcionalismo público.

Dia 23 de maio – Continuam as greves, nomeadamente dos eléctricos de Lisboa (de 23 a 31 de maio). Governo promove, como alternativa, o transporte automóvel e regressa-se à tração animal.

Abunda a fuga de capitais e um mercado clandestino de câmbios.

Dia 27 de maio – Tmás Mazarik primeiro Presidente da República da Checoslováquia. Jacinto Nunes apresenta no Senado proposta de amnistia para crimes políticos e religiosos. A proposta não é aprovada, apesar do apoio de Dias da Silva, socialista, e de António Maria da Silva. Forte oposição de Álvaro de Castro.

O parlamento começa a discutir a questão do imposto sobre os lucros de guerra.

Divergências entre os católicos, no conflito entre A Época de Fernando de Sousa (Nemo) e A União, de António Lino Neto. Neto tinha escrito que a Igreja é a mais bela democracia que tem visto o mundo e a primeira democracia de todos os tempos. Nemo contesta, baseando-se em Charles Maurras. Também Pequito Rebelo em A Monarquia havia contestado o presidente do Centro Católico Português, em março desse ano.

Dia 29 de maio – Greve dos médicos mutualistas.

Dia 31 de maio – Termina a greve dos carros elétricos de Lisboa.

Dia 3 de junho – Ministro da guerra João Estevão Águas aplica 20 dias de prisão correcional a Gomes da Costa porque este em 3 de junho publica artigo em A Capital criticando-o. Gomes da Costa era então membro da Federação Nacional Republicana, depois de ter sido membro do partido centrista.

Dia 5 de junho – Manifesto obrigatorio para couros e cabedais em quantidades superiores a 20 kg.

Dia 6 de junho – Morte do presidente do ministério, em pleno conselho de ministros, logo substituído por Ramos Preto. Acabara de ler uma notícia inserta em O Popular, então dirigido por Cunha Leal.

Dia 7 de junho – Manifesto obrigatório para a manteiga importada das Ilhas.

Dia 18 de junho – Governo apresenta a demissão, depois de ser criticado por um diploma que aumentava os vencimentos dos membros dos gabinetes ministeriais. São convidados sucessivamente para constituir governo Teixeira Gomes, Brito Camacho, Correia Barreto e Sá Cardoso. Todos desistem. Cunha Leal discursa na Câmara dos Deputados em apoio do ministro das finanças e criticando as forças vivas: nós fazemos a defesa dos interesses da Pátria e as forças vivas têm de pagar, hão-de pagar, embora tenhamos de lhes abrir as burras com o auxílio da guarda republicana. Corrida ao Banco de Portugal e sensível flexão do câmbio.

Governo de António Maria da Silva – Governo democrático (três ministros), mobilizando populares e socialistas. Era uma aliança da esquerda parlamentar com moderados. Oposição de liberais e reconstituintes que recusam colaborar.

Álvaro de Castro, analisando o programa de governo, proclama: é fácil e difícil discutir o programa do Governo. E é difícil porque, de uma maneira geral, pode dizer-se que não há ninguém, português e espanhol, brasileiro ou de qualquer outra nacionalidade, que não esteja de acordo com os princípios enunciados.

Dia 28 de junho – Aprovada na Câmara dos Deputados moção de confiança por 49-39. Mas no Senado ganha uma moção de desconfiança apresentada pelos liberais, por 25-23. Contudo, não era da praxe fazer depender o governo de votações do Senado.

Julho – Entra em funcionamento o Tribunal de Defesa Social, criado em maio de 1919.

Dia 2 de julho – O jornal O Mundo ataca o governo, considerando-o como mal constituído, logo no dia 2.

Nesse dia 2 de julho, os trabalhos parlamentares são adiados por dez dias.

Dia 4 de julho – Um dos juízes do Tribunal de Defesa Social, Pedro de Matos, é assassinado. Segue-se um ataque à bomba ao mesmo tribunal.

Dia 8 de julho – Portaria secreta de António Maria da Silva autoriza o Banco de Portugal a exceder o limite da circulação fiduciária, para reembolso dos saldos dos depósitos à ordem e à s operações de auxílio às praças do país. A portaria só será revelada em 24 de novembro de 1920. Greve no Porto dos manufatores de calçado. Há brigadas de vigilância  que fazem caçadas aos amarelos, isto é, os trabalhadores independentes ao domicílio. A greve não tem o controlo da CGT. Tumultos graves em Setúbal, com assaltos a estabelecimentos no centro da cidade por tarefeiros da indústria de conservas. Tumultos também em Alcácer do Sal. Todos os movimentos sem controlo sindical. São as chamadas revoltas da fome.

Dia 10 de julho – Decreto nº 6 735 de 10 de julho sobre o novo regime cerealífero. Governo demite-se no dia 8. Continuam a ser convidadas, a partir do dia 10 de julho, várias personalidades para formar governo, como os oficiais Correia Barreto, Sá Cardoso, Herculano Galhardo e Abel Hipólito. Todos desistem. Devido a este convite a militares, fala-se na derrota do exército português.

Dia 19 de julho – Sucessão de revoltas da fome sem controlo da CGT em Santarém (9 de julho); Guimarães e Azambuja (13 de julho); Aviz (15 de julho). Greve dos motoristas e bombas em Lisboa.

Dia 20 e 21 de julho – Apresentação parlamentar. Governo apoiado por democráticos, liberais e reconstituintes. Cooperação condicionada dos socialistas. Oposição dos populares. Granjo propõe restabelecer gradual e sucessivamente a liberdade do comércio, relativamente a todos os artigo em que se possa presumir que a livre concorrência resultará o seu barateamento.

Dia 21 de julho – D. Miguel II renuncia ao trono, depois de negociações com os integralistas. No dia 31 confia a tutela de D. Duarte Nuno, seu terceiro filho, em quem abdica, a D. Maria Aldegundes de Bragança, sua tia.

Ensaia-se uma fórmula liderada pelo liberal António Granjo, em aliança com os reconstituintes e apenas com um democrático (Velhinho Correia).

Dia 28 de julho – Ministro das finanças, Inocêncio Camacho, afirma na Câmara dos Deputados que a maior parte do ouro proveniente das exportações fica depositado em bancos estrangeiros ou é utilizado em aquisições sumptuárias.

Dia 30 de julho – A agitação social prossegue, principalmente pela ação da Legião Vermelha, com os seus bombistas alcunhados Bela Kun e Gavroche. Greve da Carris de Lisboa de 30 de julho até 2 de setembro. Assaltos a armazéns de víveres em Santarém.

Agosto – Falhanço do controlo sindical – Secretário geral interino da CGT, Alfredo Lopes, em entrevista aO Século refere energias entregues a si mesmas que não têm sido canalizadas pela Central, referindo o possível agravamento das revoltas depois das falências dos governos a que seguirá a falência do povo.

Dia 5 de agosto – As revoltas da fome são mais violentas do que em julho. No dia 5 de agosto na Guarda e em Coimbra. Depois, em Aviz e na Azambuja, em nome dos baldios.

Dia 7 de agosto – Aprovada no parlamento nova lei de autonomia administrativa das colónias, em 7 de agosto (lei nº 1 005). Cria o regime dos altos-comissários. Consagra a expressão colónias, em vez de províncias ultramarinas. Altera a Constituição de 1911. Lei de 7 de agosto deixa ao arbítrio do governo estabelecer ou suprimir qualquer restrição à liberdade do comércio e trânsito de géneros de primeira necessidade.

Dia  9 de agosto – Propostas financeiras de Inocêncio Camacho são apresentadas parlamentarmente. Não chegarão a ser votadas.

Dia 10 de agosto – Tratado de Sèvres entre a Turquia e os Aliados.

Dia 11 de agosto – É criado um comissariado dos abastecimentos no ministério da agricultura. Nesse dia, no Porto, grande agitação, por causa de greves e lock out de resposta.

Dia 13 de agosto – Lei nº 1 012 de 13 de agosto cria a Festa do patriotismo no dia 14 de agosto em honra do Santo Condestável.

Dia 19 de agosto – O parlamento encerra por dois meses. Concedidas várias autorizações legislativas ao governo, nomeadamente para nomear Norton de Matos (concretizada em 31 de agosto) e Brito Camacho (18 de outubro) como altos-comissários em Angola e Moçambique, respetivamente.

Dia 20 de agosto – Novo atentado contra um membro do Tribunal de Defesa Social, Dr. Félix Horta, alvejado na Rua 1º de Dezembro em Lisboa.

Dia 21 de agosto – Descoberta uma revolta.

Dia 22 de agosto – Tabelamento dos preços do carvão vegetal. Alteração da limitação da composição das refeições fornecidas em hotéis e restaurantes.

Dia 24 de agosto – Comemora-se no Porto o centenário da revolução liberal. Inaugurado o novo Clube dos Fenianos.

Dia 25 de agosto – Assaltos a armazéns de víveres na Figueira da Foz.

Dia 29 de agosto – Greve dos  tipógrafos em Lisboa.

Dia 31 de agosto – Greve no Porto. GNR ocupa as ruas.

Dia 2 de setembro – Fim da greve da Carris, iniciada em 30 de julho. A Junta Central do Integralismo Lusiano declara reconhecer como herdeiro do trono português D. Duarte Nuno, unindo-se assim ao partido legitimista.

Dia 6 de setembro – Restabelecidos dois tipos de pão. Autorizada a importação livre de direitos alfandegários de carnes, gorduras animais e gorduras vegetais. No dia seguinte, alargado o regime para arroz, milho, batatas e legumes. Proibição do fabrico e venda de produtos de pastelaria em dois dias de cada semana.

Dia 7 de setembro – Manifesto obrigatório de carvões e lenhas. Democráticos criticam os ministros correlegionários pelas medidas tomadas quanto à questão das subsistências.

Dia 8 de setembro – Obrigatoriedade de entrega de determinadas quantidades de açúcar amarelo pelos industriais açucareiros das colónias. Liberdade de importação, refinação, trânsito e venda de açúcares brancos.

Prosseguem assaltos a armazéns de víveres em vários pontos do país, principalmente a padarias.

Dia 9 de setembro – Greve em Setúbal e comício operário na Covilhã.

Setembro – Assalto a padarias em Lisboa  e Setúbal.

Dia 11 de setembro – Greve da marinha mercante.

Dia 12 de setembro – Governo manda ocupar a sede da CGT.

Dia 20 de setembro – Forças do exército, perante a ameaça de greve dos ferroviários, ocupam a estação do Barreiro e outras da linha do Sul.

Dia 23 de setembro – Prémios de cultura para terrenos incultos e criação de um Fundo de Fomento Agrícola (Decretos nº 6 961 e 6 962, de 23 de setembro).

Dia 28 de setembro – Decreto nº 6 984 de 28 de setembro organiza o comissariado dos abastecimentos.

Dia 30 de setembro – Greve dos ferroviários. Governo começa a utilizar em grande escala o serviço dos sapadores do Exército, comandado por Raul Esteves. Linhas dinamitadas. Governo manda pôr à frente dos comboios os grevistas presos. A greve vai-se extinguindo no Norte, mas recrudesce no Sul, durando cerca de 70 dias, até 8 de dezembro. Era a primeira greve conjunta de empresas privadas e do Estado.

6 de outubro – Decretada a mobilização geral de todos os meios de transporte. Vias férreas são reparadas por artífices civis. As greves ferroviárias só terminam no dia 15.

Dia 15 de outubro – Face aos ataques de reconstituintes e liberais, o governo demite-se, apesar de ser aprovada uma moção de confiança no parlamento. Remodelação dos serviços do ministério da agricultura.

Dia 16 de outubro – Instituído o casal de família pelo decreto nº 7 033, de 16 de outubro. O diploma não foi aplicado. Previa a instituição de unidades agrícolas que sustentassem famílias de 4 pessoas, com casas, dependências e glebas anexas.

Dia 18 de outubro – Reabertura do Congresso. Chovem as críticas da oposição.

Dia 19 de outubro – António Maria da Silva, pelos democráticos critica os contratos de fornecimento de trigo e carvão negociados no estrangeiro.

Dia 20 de outubro – Nivelados os preços do trigo nacional e do trigo exótico.

Dia 21 de outubro – O reconstituinte Júlio Dantas substitui o democrático Rego Chaves na pasta da instrução. Velhinho Correia demite-se do partido democrático. Novo regime cerealífero. Intervenção mais direta da Manutenção Militar no abastecimento pelo decreto nº 7 070 de 28 de outubro.

Dia 29 de outubro – Granjo propôs amnistia geral para os crimes políticos. Não foi aprovada.

Dia 1 de novembro – Reis da Bélgica visitam Portugal em 1 de novembro, no regresso dos Estados Unidos. Segue-se, no dia 8, a visita dos príncipes do Mónaco, a caminho dos Açores.

Dia 12 de novembro – Extinção do Consórcio Bancário.

Dia 15 de novembro – Governo demite-se face aos ataques de reconstituintes e populares sobre questões de abastecimento de trigo e carvão, apesar de aprovada moção de confiança.

Dia 17 de novembro – Novo decreto sobre a divisão de baldios (decreto nº 7 127).

Dia 19 de novembro – Decreto nº 7151 de 19 de novembro aplica aos indígenas das colónias que adotam um modo de vida civilizado os direitos civis dos europeus.

Experiência governamental, presidida pelo reconstituinte Álvaro de Castro, dura cerca de dez dias. Os liberais querem ficar na oposição, por terem sido anteriormente exonerados. O diretório dos democráticos recusa ir para o governo, o que leva à cisão do grupo de Domingos Pereira, que aceitam, em rebeldia, lugares no gabinete.

Dissidência formalizada em carta de 19 de novembro, a que também adere o deputado Vasco Borges.

Dia 20 de novembro – Governo de Álvaro de Castro – Governo constituído a 20 de novembro.

Dia 22 de novembro – Reunião de cerca de 2 500 delegados do patronato na presença de Álavro de Castro. Defende-se a revisão da Constituição no sentido da participação das forças vivas, à semelhança da segunda câmara do sidonismo. Apresentação parlamentar.

Dia 25 de novembro – Aprovada moção de desconfiança logo no dia 25. Na véspera, o ministro das finanças revelara uma portaria secreta de António Maria da Silva, autorizando o Banco de Portugal a exceder o limite da circulação fiduciária. Foi convidado para formar governo o general Abel Hipólito, afeto aos liberais que recusou. António José de Almeida aconselha Liberato Pinto a formar um governo de geral concentração republicana.

Dia 27 de novembro – Lei nº 1074 de 27 de novembro estabelece novo limite para a circulação fiduciária em 550 000 contos.

Dia 30 de novembro – Constituído o governo de Liberato Pinto. Governo democrático, com reconstituintes e populares e o apoio das forças vivas e até de alguns setores católicos. O jornal A Época incitava Liberato para fazer um governo militarizado que fosse órgão da vontade nacionalUm bonapartismo de segunda ordem, segundo Fernando Medeiros.

Dia 2 de dezembro – Apresentação parlamentar.

Continuam as greves. Crise cambial, com um princípio de corrida aos bancos.

Dia 8 de dezembro – Começa a discussão parlamentar sobre as propostas do novo ministro das finanças sobre o aumento das contribuições do registo, que não chegam a ser aprovadas, mas geram pânico nos meios ditos conservadores, bem como grande nervosismo cambial e corrida aos bancos..

Dia 9 de dezembro – Os ferroviários do Sul e Sueste retomam o trabalho.

Situação financeira dramática – Cunha Leal reconhece que Portugal se encontra sem recursos em Lisboa e a descoberto em Londres … estamos sem recursos necessários para comprar o pão nosso de cada dia.

Dia 18 de dezembro – Interrupção dos trabalhos parlamentares até 9 de janeiro de 1921.

Dia 21 de dezembro – Congresso do partido democrático. Contra a linha oficial, Vitorino Guimarães.

Dia 24 de dezembro – É criado o Comissariado Geral dos Abastecimentos e estabelecido um novo regime de preços pelo decreto nº 7 207. O anterior comissariado passa a comissariado geral, sendo estabelecida uma delegação no Porto e comissariados distritais.

Dia 29 de dezembro – Bombas em edifícios sindicais.

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4 de janeiro – Apoio do patronato a Liberato Pinto – Em 4 de janeiro, delegação de Associação Industrial Portuguesa, com Alfredo da Silva, sugere a Liberato Pinto que Portugal seria salvo se ele decidisse a ir sem hesitação até onde for necessário.

Dia 5 de janeiro – Raul Esteves é alvejado a tiro.

Dia 6 de janeiro – Alteração do regime cerealífero.

Dia 9 de janeiro – Reabre o parlamento. Proposta de orçamento em 12 de janeiro.

Dia 9 e 10 de janeiro – Congresso da Confederação Patronal Portuguesa. Reúne 60 associações (22 comerciais; 15 mistas e 4 industriais), incluindo a ACAP. Fora criada em 1920.

Dia 27 de janeiro – Bases do futuro partido comunista – A Batalha publica as bases programáticas do Partido Comunista Português a criar futuramente.

Dia 29 de janeiro – São interrompidos os trabalhos parlamentares até 10 de fevereiro.

Dia 3 de fevereiro – Na Câmara dos Deputados, Ramada Curto chama aos democráticos essa grande cooperativa de produção e consumo.

Dia 11 de fevereiro – O governo demite-se. Segue-se uma crise ministerial de longa duração.

Demissão de Júlio Martins – Júlio Martins, que havia deixado o cargo de ministro da marinha, uma semana antes, salienta que a nossa marinha de guerra não tem um navio capaz de dar um tiro e possui, no entanto, vinte e três  almirantes. Tinha sido desrespeitado pelo comandante do Centro de Aviação Marítima e não obteve solidariedade do governo. Mais observa: esta República, com dez anos apenas, por momentos parece viver uma velhice precoce …em Portugal todos mandam menos o Governo; todos têm força menos o Governo. Em Portugal a função dos Governos é transigir, transigir numa transigência que é uma abdicação.

Dia 21 de fevereiro – Leote do Rego continua a criticar a política da marinha: oitenta por cento das verbas vão para pessoal e vinte por cento para material. Onde em 1910 havia uma esquadra de 34 000 toneladas, ei-la agora apenas com 22 000 toneladas, parte delas a apodrecer no Tejo, apesar do aumento desmesurado dos oficiais.

Março – Convidados Tomé de Barros Queirós e Augusto Soares para formarem governo em 16 e 18 de fevereiro, acabam por desistir. Barros Queirós reconhece expressamente a pulverização dos partidos. Bernardino é convidado no dia 25.

Dia 2 de março – Constituído o governo de Bernardino Machado. Seis dos sete ministros conservam as mesmas pastas. Três democráticos, três reconstituintes e dois populares.

Dia 7 de março – Apresentação parlamentar. Oposição de liberais.

Dia 11 de março – General Pedroso Lima comandante da GNR proclama a Bernardino Machado: na Guarda Republicana não há políticos nem se apoiam políticos.

Dia 16 de março – Fundado o PCP, a partir da Federação Maximalista Portuguesa de Manuel Ribeiro. A reunião fundadora teve lugar na sede da Associação dos Empregados de Escritório.

Dia 19 de março – Liberato Pinto é suspenso. Autorizara o capitão Jaime Baptista, das metralhadoras pesadas, a que saísse para exercícios e não submetera o assunto ao comandante da GNR, o general Pedroso Lima. General Correia Barreto é nomeado sindicante.

Dia 22 de março – Começa a viagem aérea Lisboa/ Funchal de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Utilizado o sextante pela primeira vez.

Dia 30 de março – Liberato Pinto é demitido de chefe de estado maior da GNR.

Senado vota favoravelmente a amnistia proposta anteriormente por Jacinto Nunes.

Dia 9 de abril – Tumulação no mosteiro da Batalha de dois soldados desconhecidos (um da Flandres e outro de África). Participam bispos, bem como o marechal Joffre. Ambiente de grande emoção patriótica e discursos conciliadores do presidente da república e dos eclesiásticos. Greve dos manipuladores de pão. Lançadas bombas.

Dia 30 de abril – Congresso dos sindicatos patronais agrícolas manifesta-se contra a importação de trigo. Intervenção de José Pequito Rebelo.

Maio – Fundação do Partido Comunista da China.

Dia 1 de maio – Eleições na Irlanda, com vitória do Sinn Fein no Sul. No dia 8, estabelecidas tréguas entre o IRA e o governo britânico então presidido por Lloyd George. Nesse acordo prevê-se a divisão da ilha.

Dia 4 de maio – Assume a pasta da agricultura, até então gerida interinamente por Bernardino Machado, o democrático Portugal Durão. Pouco permanecerá nessas funções, dado que em 16 de maio o seu colega das finanças, António Maria da Silva apresentava uma proposta de reorganização do ministério da agricultura, sem que o seu novo titular tivesse sido ouvido atempadamente. É renovada a autorização de 7 de agosto de 1920 para o poder executivo poder estabelecer ou suprimir qualquer liberdade de comércio ou de trânsito de géneros de primeira necessidade.

Dia 8 de maio – Lei do horário de trabalho das 8 horas. Proposta de Vasco Borges.

Dia 15 de maio – Nas eleições italianas, o partido fascista consegue 35 deputados.

Dia 17 de maio – Exonerado o major Marreiros, diretor da Polícia de Segurança do Estado.

Gomes da Costa é nomeado comandante da 4ª divisão militar, com sede em Évora.

Dia 18 de maio – Em Alenquer, a Conferência Regional Anarquista cria a União Anarquista Portuguesa.

Dia 19 de maio – Portugal Durão saía do governo e Bernardino Machado voltava à interinidade de uma pasta, onde praticou uma política de liberdade de comércio, ao contrário do modelo intervencionista do anterior gabinete. Conforme vai reconhecer Bernardino, no manifesto de 26 de março de 1922, economicamente, propusemo-nos organizar a produção pelo auxílio aos seus sindicatos, o consumo pelo desenvolvimento cooperativista e o comércio pela transformação do regime coercitivo de guerra no regime normal dos mercados entregues à ação dirigente das associações das forças vivas, sob o controle superior do Estado, e, transitoriamente, enquanto não fosse dispensável, com a sua concorrência desinteressada.

Dia 21 de maio – Houve uma sublevação da GNR de setores afetos a Liberato Pinto, mas o governo, principalmente através da ação de Júlio Martins, organizou um contragolpe vitorioso que teve o apoio da marinha. O major Marreiros, chefe da polícia política, informara o major Gilberto Mota, da GNR, que estava preparado um movimento destinado a elevar Bernardino Machado a presidente, com Álvaro de Castro a chefiar o governo. Outros chefes da revolta são o capitão-tenente Procópio de Freitas e o capitão Tribolet. O golpe terá sido apoiado por Machado Santos. Pelo menos, Gomes da Costa, demite-se da Federação Nacional Republicana em 24 de maio, invocando tal apoio.

Dia 23 de maio – O governo pede a demissão. Augusto Soares é convidado a formar governo, mas acaba por recusar. Constituído o governo liberal de Tomé de Barros Queiróz. Domina a fação liberal dos ex-unionistas.

Dia 26 de maio – Novo regime cerealífero (decreto nº 7 524).

Dia 1 de junho – Dissolução do parlamento.

Suspensos os trabalhos dos bairros sociais.

Dia 16 de junho – Nota oficiosa do comité central da CGT responde à criação do PCP.

Dia 23 de junho – Publicado o programa governativo. Promete medidas tendentes à normalização da liberdade de trânsito e de comércio de todos os géneros e produtos.

Dia 26 de junho, manifesto de Baiona de D. Maria Aldegundes de Bragança, tutora de D. Duarte Nuno. onde se defende a monarquia tradicionalista.

Dia 1 de julho – Partido legitimista anuncia ação conjunta com o Integralismo Lusitano, face ao Manifesto de Baiona.

Dia 6 de julho – Protestos da Associação Industrial Portuguesa contra o aumento da contribuição industrial.

Dia 7 de julho – Publicada a declaração de princípios do PCP que integra no seu seio as antigas Juventudes Sindicalistas da CGT, dirigidas por José de Sousa. CGT logo critica o estatismo tentacular dos bolcheviques. Fundado o jornal Imprensa da Manhã. Será subsidiado por Alfredo da Silva, que lhe chama uma amante cara, e por Fausto de Figueiredo. Liberdade de comércio para o carvão vegetal.

Dia 9 de julho – Liberdade de comércio para os azeites nacionais ou importados.

Dia 10 de julho – As eleições de 10 de julho dão cerca de 50% aos liberais (88 deputados), com 30% para os democráticos (54 deputados) e 15% para os reconstituintes. Um jovem assistente universitário de Coimbra, António de Oliveira Salazar chega a ser eleito por Guimarães, pelo Centro Católico.

Dia 18 de julho – Liberdade de comércio para a manteiga nacional.

Dia 25 de julho – Reabre o Congresso da República – Início dos trabalhos parlamentares.

Surgem os primeiros doutores em direito entre os alunos que fizeram integralmente o curso em Lisboa e que sairam licenciados em 1920. O primeiro é Armindo Rodrigues Monteiro. O segundo António Pinto de Meireles Barriga.

Dia 1 de agosto – Apresentação parlamentar do governo de B. Queirós. O antigo ministro do governo provisório da República, reitor da Universidade de Coimbra, regressando à política como deputado, declara no parlamento, nesse mesmo dia 1 que a pátria está sobre um vulcão.

Dia 3 de agosto – Apresentado pacote de medidas financeiras.

Dia 5 de agosto – Proposta de remodelação do exército.

O governo demite-se depois de falhar um empréstimo externo de 50 milhões de dólares que Afonso Costa prometera conseguir dos norte-americanos. Fora encarregado pelo anterior governo de negociar com agentes da War Finance Corporation, firmando um contrato provisório. Mas os norte-americanos não passavam de meros vigaristas.

Dia 10 de agosto – Granjo demite-se, em conflito com o ministro da guerra.

Dia 26 de agosto – A demissão coletiva do governo. Falhara o projeto financeiro de aumento das receitas sem aumento dos impostos. Barros Queirós queixa-se da intriga: em Portugal, no campo político, não se discutem ideias, discutem-se homens para os arruinar, como de dessa demolição não adviesse um grave mal para o regime e para o País.

Dia 30 de agosto – Reunião magna da ACAP considera um erro a política do pão barato. Participam Pequito Rebelo, Fernandes de Oliveira e Anselmo de Andrade. Ambiente de grande unidade dos agrários no sentido da defesa do protecionismo constante do modelo da Lei Elvino de Brito. Os vinhateiros do Ribatejo, vivendo em crise de exportações apoiam os produtores de trigo. Até os sindicalista do Alentejo são favoráveis ao protecionismo. Constituído o governo de António Granjo. Uma experiência governamental republicano-conservadora liderada por António Granjo. Domina a ala dos ex-evolucionistas que integram os liberais. Há uma forte oposição dos populares, também eles ex-evolucionistas, liderados por Júlio Martins, que conseguem federar os sindicalistas, os adeptos de Liberato Pinto e os membros da esquerda dos democráticos, dominada pelo Grupo dos 13 e pelo Centro Radical António Maria Baptista.

Dia 31 de agosto – Direitos aduaneiros pagos em ouro – Lei nº  1193 de 31 de agosto determina que os direitos aduaneiros sejam pagos integralmente em ouro, reforçando o disposto no decreto de 9 de abril de 1918. Apresentação parlamentar. Neutralidade dos católicos; ceticismo dos reconstituintes; quanto aos democráticos prometem fiscalização patriótica e republicana.

Granjo é acusado de vendido às Moagens, de reacionário e de monárquico. O escândalo dos cinquenta milhões de dólares domina as discussões parlamentares. Ataques especialmente virulentos daImprensa da Manhã, a voz de Liberato Pinto, subsidiada por Alfredo da Silva e Fausto de Figueiredo.

Dia 1 de setembro – Deputado António Luís Gomes considera que o sistema parlamentar está condenado por causa do regime de mentira, ao mesmo tempo que os ministros são uns verdadeiros crimonosos que estão a arrancar o sangue do povo português. Conclui salientando: cada vez enjoo mais a política. Nunca entrei para partido algum, porque os partidos da República têm colocado os homens acima dos partidos … Por isso é que os homens de bem se retraem, afastando-se da política. Artigo em O Século sobre a crise das subsistências considera que a classe média ficou entre o martelo e a bigorna.

Dia 4 de setembro – Confirmada a burla do empréstimo dos 50 milhões de contos através de comunicação diplomática do visconde de Alte. O gabinete de Barros Queirós já conhecia a trama desde 28 de agosto.

Dia 5 de setembro – Regresso da questão religiosa – Comício em Loures, com violentos discursos anticatólicos. Declarações de António Granjo no Senado, em 2 de setembro são desvirtudas pelo relato parlamentar do Diário de Notícias, quando se refere que Granjo reconhecia a religião católica como a única do país.

Dia 6 de setembro – Decreto de 6 de setembro cria a Inspeção do Comércio de Câmbios.

Crise cambial – A cotação da libra que se situava em 28$44,4 em novembro de 1920 passa para 38$59,2 em agosto de 1921.

Dia 8 de setembro – Cunha Leal interpela o ministro das finanças sobre a questão do empréstimo dos 50 milhões de contos. Sobre os boatos que correm, Vicente Ferreira apenas diz fumo. Na Câmara dos Deputados, intensos ataques aos banqueiros portugueses que serviram de intermediários no processo.

Dia 10 de setembro – Confimada pelo Conselho Superior de Disciplina do Exército a punição a Liberato Pinto, um ano de detenção. Surge campanha da Imprensa da Manhã em apoio de Liberato.

Dia 16 de setembro – O deputado Carvalho da Silva denuncia o facto do governo ter indemnizado com 4 500 contos indivíduos e empresas consideradas vítimas da última revolução. Jornais O Mundo e O Portugal, afetos aos democráticos, são contemplados com 260 e 330 contos, respetivamente.

Dia 17 de setembro – Os trabalhos parlamentares são suspensos até 7 de novembro.

Dia 19 de setembro – Publicada novo regime cerealífero (lei nº 1 213), criando três tipos de pão e de farinha. Regresso aos preços de 1899, atualizados pelo câmputo ouro.

Dia 30 de setembro – Aborta golpe de Estado. O chefe da conjura é o tenente-coronel Manuel Maria Coelho, com o capitão de fragata Procópio de Freitas e os oficiais da GNR Camilo de Oliveira e Cortês dos Santos. Presos alguns desses cabecilhas, eles são depois libertados por Granjo. Entre os presos, o coronel Xavier Ferreira, Orlando Marçal, Sebastião Correia e Procópio de Freitas.

Surge um esboço de movimento de salvação pública, subscrito por José de Castro, António Luís Gomes, Jaime Cortesão, João de Deus Ramos, Francisco António Correia, Ramada Curto, Cunha Leal, Leonardo Coimbra e Sá Cardoso.

Dia 5 de outubro – Fausto de Figueiredo, um dos financiadores da Imprensa da Manhã, promove encontro de António Granjo com Cunha Leal no Estoril.

Incidentes no cemitério do Alto de S. João – Nas cerimónias do cemitério do Alto de S. João, na romagem aos túmulos de Cândido dos Reis e Miguel Bombarda, há insultos a Granjo, com morras à reação e aos jesuítas.

Libertação dos implicados no 30 de setembro – Mas o presidente do ministério manda libertar os implicados no 30 de Setembro que se encontravam detidos. Considera que só pela brandura se consegue governar.

Dia 15 de outubro – Regresso ao tipo único de pão (decreto nº 7 741).

Dia 16 de outubro – Sai o primeiro número da revista Seara Nova. Entre os colaboradores António Sérgio, Raul Proença, Jaime Cortesão, Câmara Reis, Ezequiel de Campos e Raul Brandão.

Dia 19 de outubro – Golpe Outubrista – A Noite Sangrenta, onde são assassinados o presidente do ministério e o fundador da República, Machado Santos, juntamente com J. Carlos da Maia. Triunfava a revolta falhada em 30 de setembro, agora apoiada por forças da marinha. Os ministros da guerra e da marinha estavam ausentes de Lisboa. No quartel do Carmo, à s 10 horas da manhã, Granjo escereve a António José de Almeida, demitindo-se. Uma camioneta-fantasma com o cabo Abel Olímpio, chamado O Dente de Ouro, circula por Lisboa recolhendo aqueles que serão assassinados. Granjo ainda tenta refugiar-se na casa do vizinho Cunha Leal, seu adversário político, mas é daqui arrancado, vindo a morrer no Arsenal. São também assassinados o secretário do ministro da marinha, comandante Freitas da Silva e o coronel Botelho de Vasconcelos.

José Júlio Costa, o assassino de Sidónio Pais, que se encontrava detido no hospital Miguel Bombarda, é libertado, no dia 19, por 300 civis armados. Depois de passar pelo centro Republicano António Maria Baptista, onde é homenageado, segue para a clandestinidade no Norte.

Governo de Manuel Maria Coelho – Às 22 horas e 45 minutos do dia 19 de outubro, António José de Almeida investe Manuel Maria Coelho. Pouco antes, Agatão Lança informa-o dos atentados. Primeiro governo outubrista, reunindo chefes da insurreição e gente respeitável. Muitos não tomam posse para não se confundirem com os assassinos. O presidente do ministério era um antigo revoltoso do 31 de janeiro de 1891.

Dia 21 de outubro – Alfredo da Silva foge precipitadamente para Espanha e sofre atentado em Leiria. Corpo diplomático manifesta preocupação pelas ocorrências sangrentas ao novo ministro dos estrangeiros, Veiga Simões.

Atentado contra Alfredo da Silva em Leiria. Preso Tamagnini Barbosa. A única organização política que apoia o novo governo é o grupo popular de Júlio Martins, mas já sem a participação de Cunha Leal. António José de Almeida apresenta a demissão, mas manifestação de autarcas, no dia 30 de outubro,  fá-lo recuar.

Dia 24 de outubro – Funerais de António Granjo. Cunha Leal discursa: a fera que todos nós e eu açulamos, que anda à solta, matando porque é preciso matar. Todos nós temos culpa! É esta maldita política.

Lopes de Oliveira diz então: foi a desordem em que caímos que vitimou agora, canibalmente, alguns dos nossos.

Jaime Cortesão: os crimes que se praticaram não eram possíveis sem a dissolução moral a que chegou a sociedade portuguesa. Por trás das espingardas que vararam António Granjo, há outras armas mais perigosas e asassinas. Chamam-se elas o egoísmos das classes, e, em especial, das mais altas; a inércia e por vezes a corrupção do poder; a esterilidade dos mais elevados organismos políticos da nação que se debatem em mesquinhas disputas.

Nos dias 24, 26 e 27 o governo levava a cabo a prisão dos principais implicados nos atentados de 19 de outubro.

Dia 28 de outubro – De 28 de outubro a 18 de novembro, três navios de guerra europeus (1 espanhol, 1 francês e 1 britânico) ficam estacionados no estuário do Tejo.

Dia 29 de outubro – Explosão de bombas na sede das Juventudes Sindicalistas na Calçada do Combro.

Dia 30 de outubro – Manifestação de homenagem ao Presidente da República António José de Almeida que havia declarado querer demitir-se.

Dia 31 de outubro – Atentado à bomba contra o consulado norte-americano em Lisboa. Protesto dos anarquistas contra a condenação à morte em Boston de Nicola Saco e Bartolomeo Vanzetti.

Dia 3 de novembro – Governo demite-se por temer intervenção estrangeira. Fala-se na chegada de navios de guerra ingleses, franceses e espanhóis.

Governo tem um cariz semi-outubrista, mobilizando militantes partidários populares e dissidentes democráticos. Maia Pinto, filiado nos democráticos, tinha sido ministro das colónias no governo de Coelho.

Dia 6 de novembro – Dissolução parlamentar, sendo marcadas eleições para 11 de dezembro, depois de consulta aos partidos.

Dia 9 de novembro – Descarrilamento criminoso do comboio Correiro do Sul provoca sete mortos.

Dia 10 de novembro – Maia Pinto reúne-se com a imprensa e pede acalmação dos espíritos.

Dia 20 de novembro – Manifestação à beira do túmulo de Machado Santos. Discurso de Gomes da Costa contra a indisciplina: a República ameaça fazer bancarrota, degenerando num falso parlamentarismo, com uma política de fação … A palavra República … se converteu em propriedade exclusiva de uma oligarquia de profissionais ambiciosos, irrequietos e insaciáveis.

Dia 23 de novembro – Decreto de 23 de novembro admite no quadro permanente do Exército os milicianos louvados, condecorados ou feridos em campanha, bem como aqueles que combateram a monarquia.

Dia 27 de novembro divulga-se um acordo estabelecido numa reunião ocorrida no dia 22, entre liberais, democráticos e alvaristas, onde se estabelece o princípio da não colaboração com os governos outubristas, defendendo-se o saneamento das finanças e a harmonia entre o capital e o trabalho.

Dia 5 de dezembro – Por decreto, as eleições eram já adiadas para 8 de janeiro.

Dia 10 de dezembro – Decreto nº 7 933 de 10 de dezembro promove o aproveitamento de terrenos incultos.

Dia 11 de dezembro – José Domingues dos Santos em entrevista diz odiar todas as ditaduras, da esquerda e da direita, sugerindo ao Presidente da República que convoque o parlamento dissolvido para Coimbra ou para o Porto.

Protesto dos reconstituintes – Imediata oposição dos reconstituintes em A Vanguardaos partidos não podem pôr em causa a legitimidade do adiamento desde que o aceitaram antes dele ser decretado.

Dia 12 de dezembro – Decreto nº 7 899 de 12 de dezembro reforma o ministério dos estrangeiros (Veiga Simões). Reforma suspensa logo em 23 de janeiro de 1922.

Dia 13 de dezembro – Governo de Moura Pinto comunica que apresentou demissão. Nesse mesmo dia António José de Almeida convida Cunha Leal que tem o apoio do outubristas Camilo de Oliveira. Os dissidentes democráticos de Domingos Pereira regressam ao partido.

Dia 16 de dezembro – Constituído o governo de Cunha Leal. Era de concentração partidária, presidido por Cunha Leal, com um reconstituinte, um liberal, um outubrista, três democráticos e três independentes. Declara-se encerrado o período revolucionário. Visa-se manter a ordem, julgar os culpados da Noite Sangrenta e realizar eleições.

Dia 27 de dezembro – Face à pressão político-militar da GNR, o governo retira-se para Caxias. Governo concentra forças do Exército no Campo Entricheirado e chama Gomes da Costa para comandá-las. Manda depois concentrar forças em Santarém.

Dia 30 de dezembro – Partidos rejeitam a inclusão de candidatos governamentais – Cunha Leal propõe a democráticos, liberais e reconstituintes que, no acordo de entendimento eleitoral já firmado, possa haver lugar para algumas personalidades independentes que o governo tencionava favorecer. Logo em 30 de dezembro, os diretórios dos partidos declaram essa impossibilidade. Em virtude desta resposta, dois depois, já Cunha Leal apresentava a demissão.

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Dia 1 de janeiro – Cunha Leal manda retirar as forças do Exército concentradas no Campo Entricheirado.

Dia 2 de janeiro – Cunha Leal já considera desnecessário que Gomes da Costa se desloque para Santarém e manda-o para Mafra. Conselho de ministros de 2 de janeiro fala em ameaças de golpe de Estado. Em 5 de janeiro são adiadas as eleições para 29 de janeiro. Em 19 de dezembro havia-se declarada nula a dissolução parlamentar de 6 de novembro.

Dia 3 de janeiro – Acordo de Cunhal Leal com os partidos, para novo adiamento do ato eleitoral, que passa de 8 para 29 de janeiro. Com o adiamento o governo trata de organizar um rol de candidatos próprios, incluindo membros das chamadas forças vivas. Esta atitude leva a que se desfaça a anterior combinação eleitoral entre democráticos, liberais e reconstituintes. Os democráticos, já reunificados com o regresso do grupo de Domingos Pereira, logo correm a constituir listas próprias. Nesse mesmo dia 3, Cunha Leal, num discurso pronunciado na Academia das Ciências, apela para a participação das forças vivas económicas.

O governo contou com o apoio dos democráticos e tentou usar o exército contra as forças da GNR. Assim, determinou que unidades do exército cercassem Lisboa e transferiu o governo para Caxias. Mas não nomeou Gomes da Costa como chefe das forças militares sitiantes de Lisboa. Este antigo protegido de Machado Santos, que se distinguia como comandante da 1ª divisão do CEP, em entrevista a A Opinião, no dia 3, diz que o presidente do governo mangou com a tropa. Mais acrescenta que não é pela redução da GNR, mas pela sua descentralização. Proclama mesmo: o Sr. Cunha Leal faliu completamente … não conseguiu manter a ordem, pois manter a ordem não é só impedir que se disparem alguns tiros, mas é, e muito mais, manter a tranquilidade nos espíritosTodo este movimento do governo não é mais do que um movimento de eleições … os partidos hoje açambarcam a Nação e os próprios homens de valor que se encontram nos partidos não podem fazer a defesa da coletividade porque têm de obedecer a interesses partidários. Conclui, dizendo que a intervenção estrangeira é um papão que os políticos agitam sobre o país para servirem os seus interesses inconfessáveis. Foi condenado a 15 dias de prisão.

Dia 12 de janeiro – Aristide Briand demite-se da presidência do governo francês, sendo substituído por Poincaré.

Dia 21 de janeiro – Surge em Lisboa uma conjunção de liberais, reconstituintes, socialistas, reformistas, sidonistas e independentes, destinada a enfrentar os democráticos.

Dia 23 de janeiro – Morte do papa Bento XV.

Dia 29 de janeiro – Eleições. Vitória dos democráticos. – Nas eleições para deputados e senadores de 29 de janeiro de 1922 regressa-se ao modelo da vitória democrática, com 74 deputados. Nuno Simões foi o controleiro eleitoral do governo. No próprio dia das eleições, ameaça de lock out da Carris de Lisboa.

Dia 30 de janeiro – Face ao resultado das eleições, Cunha Leal apresenta a demissão do governo. Cunha Leal dá outra explicação: conflito diplomático com a Inglaterra porque os navios desta potência não reconheceram o feriado de 31 de janeiro.

Fevereiro – Democráticos voltam ao poder – Depois de Afonso Costa recusar formar governo, surge uma experiência com uma certa estabilidade, liderada por António Maria da Silva que presidirá a três governos sucessivos, entre 6 de fevereiro de 1922 e 15 de novembro de 1923.

Dia 4 de fevereiro – Afonso Costa recusa formar governo – Costa é convidado telegraficamente tanto pelo diretório do partido democrático como por António José de Almeida. Responde logo em 4 de fevereiro, recusando. Os liberais declaram então que estão disponíveis para integrarem um governo de concentração presidido por Afonso Costa. Este salienta que não organiza o governo porque ainda não estavam resolvidos certos problemas relativos à ordem pública. Polícia de Segurança do Estado passa a designar-se Polícia de Defesa Social.

Dia 6 de fevereiro – Novo Papa – Eleito Pio XI. Constituído o governo de António Maria da Silva. O novo governo manteve o esquema anterior, continuando o exército a cercar Lisboa.

Dia 18 de fevereiro – Tentativa de golpe outubrista abortada em 18 de fevereiro. Governo instala-se em Caxias e Presidente da República em Cascais. Unidades militares de Lisboa são postas de prevenção.

Dia 23 de fevereiro – Congresso da República reabre em 23 de fevereiro. Leitura da declaração ministerial.

Dia 2 de março – Pela lei nº 1 242, completada pelo decreto nº 8 064, de 13 de março, são retiradas a artilharia e as metralhadoras pesadas à GNR, ao mesmo tempo que se diminuem os seus efetivos (de 14 341 homens para 9 627) com dispersão pela província, transformando-a em guarda rural.

A GNR passara de 4 575 homens, em 1919 (quadro previsto de 5 001), para 14 341 em 1921 (quadro previsto de 18 956). O quadro agora previsto é de 12 090 homens. Tinha um grupo de três baterias de artilharia de campanha e um batalhão de metralhadoras pesadas. Muda também o corpo de marinheiros para Vila Franca. Reforma da GNR é promulgada pelo Presidente da República em 2 de março e publicada no dia 13. Deportação de Liberato Pinto, Feliciano Costa (sidonista) e Xavier Pereira (radical).

O drama agora é o do alta dos preços (em 1922 cerca de 50%).

Dia 20 de março – O governo apresenta na Câmara dos Deputados proposta para a liquidação dos Transportes Marítimos do Estado, criados em novembro de 1917.

Dia 28 de março – Agatão Lança na Câmara dos Deputados critica a política de marinha da República: tendo havido mais de 37 ministros da marinha, não há mais de 6 ou 7 que sejam da classe. Todos estes ministros paisanos têm clientelas para atender e fazem decretos transformando a legislação da marinha num caos.

Dia 30 de março – Partida de Gago Coutinho e Sacadura Cabral que chegam ao Rio de Janeiro no dia 26 de maio. O nº 13 daSeara Nova, saído em 12 de maio, é inteiramente dedicado à viagem.

Março – Portaria do ministro Vasco Borges suspende as obras dos bairros sociais. Desde 1919 que se tinham gasto 7 600 contos no empreendimento e apenas estavam meias construídas 86 casas no Arco do Cego, mas sem rede de esgotos.

Abril – Greve geral de três dias. São presos 200 operários. Era a primeira ação de envergadura dos sindicatos, depois da greve dos ferroviários de setembro a dezembro de 1920.

Dia 3 de abril – Católicos contra monárquicos – O jornal A União do CCP, de 3 de abril, diz que os deputados monárquicos devem abster-se de apresentarem projetos sobre os católicos, sem prévia consulta do CCP, a única instância partidária autorizada pelos bispos.

Dia 9 de abril – O país deeja que o governem – Numa carta dirigida a João Chagas, Augusto de Castro, em 9 de abril de 1922, considera: o pais deseja que o governem. E bem eloquentemente manifesta esse desejo. O próprio Parlamento se modificou. O que continua faltando na Administração Pública é o espírito de previsão. Combatem-se os efeitos – mas deixam-se de pé muitas causas. Fez-se, em parte, o depuramento da Guarda Republicana; equilibraram-se com acerto as forças de segurança de ordem em Lisboa. Mas os perturbadores civis continuam, ninguém os desaloja dos seus ninhos de sombra.

Dia 17 de abril – Pelo Pacto de Paris, unificavam-se os monárquicos liberais e legitimistas, através de Aires de Ornelas e D. Lourenço Vaz de Almada. D. Duarte Nuno reconhece assim D. Manuel II. Os integralistas vão discordar frontalmente do pacto. Apoio de O Dia e de O Correio da Manhã.

Dia 20 de abril – Criada a diocese de Vila Real.

Dia 28 de abril – Proposta de lei sobre novos impostos.

Surge a chamada lei garrote que cria um quadro de adidos e suspende novas entradas de pessoal na administração pública por cinco anos.

Dias 29 e 30 de abril – Realiza-se o segundo congresso do Centro Católico, onde Salazar faz um discurso de fundo criticando José Fernando de Sousa, Nemo, o representante dos católicos monárquicos. Salazar admite que os católicos aceitem cargos públicos. Foi confirmada a orientação dada por Lino Neto ao grupo. O próprio jornal O Mundo enaltece o comportamento lealdos católicos para com a República. Segue-se uma prolongada polémica de católicos monárquicos com os centristas nos jornais A Época em 4 de maio ataca o CCP. Nesta senda Nemo em junho, julho, agosto e setembro faz um ataque aos centristas, a que responde Salazar de setembro de 1922 a fevereiro de 1923. Contra o CCP, no mesmo jornal, escreve Domingos Pinto Coelho, a que responde Dinis da Fonseca em 20 de agosto de 1922. Atacando a linha de Lino Neto, surgem também artigos de Alfredo Pimenta em O Dia e de Paiva Couceiro em O Correio da Manhã.

Dia 1 de maio – Nas cerimónias do dia do trabalhador em Lisboa é feito um peditório a favor dos camaradas russos.

Dia 2 de maio – Lima Basto apresenta proposta de plano de reforma rodoviária. O primeiro plano sério da República. Só vai ter execução a partir da lei de 3 de outubro de 1924.

Dia 3 de maio – Bispo de Leiria determina a abertura de um processo de averiguações sobre as aparições de 1917.

Dia 5 de maio – Decreto nº 1 258 de 5 de maio suspende os trabalhos dos bairros sociais. Integralistas em 5 de maio discordam frontalmente do Pacto de Paris de 17 de abril. Interrompem a publicação do jornal A Monarquia, suspendem a atividade partidária e declaram que vão apenas dedicar-se ao trabalho de doutrinação, pelo que vão publicar a segunda série da revista Nação Portuguesa.

Dia 8 de maio – Decreto de 8 de maio, de Vasco Borges sobre o horário de trabalho.

Dia 29 de maio – Conflitos em Macau. 32 mortos. Decretado o estado de sítio no território.

Dia 30 de maio – Descoberto arsenal de bombas e dinamite no Porto.

Maio – Congresso da Federação das Juventudes Católicas em Coimbra. Mário de Figueiredo é eleito presidente, com Alberto Dinis da Fonseca na vice-presidência.

Dia 17 de junho – Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam ao Rio de Janeiro.

Dia 24 de junho – Assassinado o Ministro dos Estrangeiros alemão Rathenau.

Dia 26 de junho – CGT francesa é unificada, ficando próxima dos comunistas.

Dia 27 de junho – A Associação Industrial Portuguesa assume uma posição frontal contra a política fiscal de Portugal Durão, principalmente contra o aumento da contribuição industrial, de 7% para 10%, no que considera uma estatização da economia. Critica também as medidas tomadas em favor da agricultura alentejana.

Dia 29 de junho – Convenção entre o Estado e o Banco de Portugal assinada em 29 de junho.

Dia 7 de julho – Lavoura pede o fim do pão político – Luís Gama, em O Século, em representação da lavoura, clama pelo fim imediato do pão político, defendendo um sério controlo do preço dos adubos.

Dia 15 de julho – Governo pensa nomear Gomes da Costa para governador de Timor, mas o grupo parlamentar dos democráticos opõe-se. Gomes da Costa, em 15 de julho, escreve carta para o jornal A Capital a denunciar o facto. António Maria da Silva, para afastar o general, manda-o em inspeção extraordinária às colónias do Oriente. Parte em agosto de 1922 e só regressa a Lisboa em maio de 1924.

Dia 20 de julho – Bernardino Machado publica um manifesto intitulado A Crise.

Dia 22 de julho – Carta de Augusto de Castro a João Chagas, de 22 de julho: sobre a ordem pública, vim encontrar o País melhor. Sobre a questão política, na mesma. Se as oposições tivessem um sucessor para dar ao António Maria da Silva já o tinham deitado abaixo. Assim, é de prever que se mantenha e consiga votar algumas ou alguma das propostas de finanças. Isso é absolutamente preciso para evitar a desorientação financeira que se acentua.

Dia 22 de julho – Decreto nº 8 280 de 22 de julho (Portugal Durão) obriga os exportadores a entregar a um banco as cambiais, ficando metade delas reservadas para o Estado.

Dia 31 de julho – Pela lei nº 1294 de 31 de julho termina o regime do pão político, tomando-se medidas no sentido do regresso ao protecionismo face aos produtores nacionais de trigo.

Julho – Greves dos têxteis na Covilhã.

Dia 5 de agosto – Agitação popular contra os novos tipos de pão, com assaltos a padarias, em 5 de agosto. Mobilização dos sindicatos em Lisboa. CGT lança apelo no sentido da defesa de um tipo único de pão. Durante dez dias vai haver escaramuças, com alguns mortos. Os tumultos ocorrem em Lisboa, Barreiro, Portalegre, Santarém, Évora, Faro, Olhão, Coimbra e Porto.

Dia 15 de agosto – Reunião entre António Maria da Silva e os sindicalistas. Libertação dos 500 grevistas presos. Presidente do ministério promete rever o regime do pão, nomeadamente garantindo um novo tipo de pão de terceira. Mas as greves continuam com assaltos a padarias durante o mês de agosto e o governo vai cedendo gradualmente.

Dia 26 de agosto – António José de Almeida parte para uma viagem oficial ao Brasil (chega ao Rio de Janeiro em 17 de setembro e regressa a Lisboa no dia 11 de outubro). Segue no paquete mercante Porto, por falta de condigno navio da marinha de guerra. Mas várias avarias tornam a viagem atribulada, nomeadamente quando se descobriu que em vez de carvão havia pedras no navio por causa de uma sabotagem. A chegada estava prevista para antes da data histórica de 7 de setembro. Almeida já regressa a bordo do paquete inglês Arlanza. O resto da comitiva, com Gago Coutinho e Sacadura Cabral vêm no Porto que chega a Lisboa a 26 de outubro.

Dia 2 de setembro – Rebentam bombas no Porto.

Dia 3 de setembro – Greves da construção civil, dos metalúrgicos e dos arsenalistas.

Dia 8 de setembro – Assassinado Sérgio Príncipe, líder da Confederação Patronal Portuguesa em 8 de setembro. Era dirigente da Associação Comercial dos Lojistas de Lisboa e acusado de defender uma solução radical de direita.

Dia 9 de setembro – Lei nº 1346 sobre a liquidação dos Transportes Marítimos do Estado em 9 de setembro. Alienação dos navios autorizada por lei de 10 de abril de 1924, decorreu em 1925 e 1926. A frota começou com a 242 441 toneladas apreendidas, mas, no decorrer da guerra, alugaram-se 80% aos ingleses, através da casa Furness Witty & Cª. Esta subalugou os navios a franceses e norte-americanos. 16 regressaram em 1920. 2 em 1921. Há cerca de 4 milhões de libras de prejuízos com estas operações. Acrescem os sucessivos desfalques, a má gestão, as dívidas das agências, os maus contratos de fornecimento de carvão, os atrasos no pagamento dos salários e o não pagamento dos serviços prestados por vários ministérios.

Dia 13 de setembro – Lei nº 1 367 de 13 de setembro autoriza a conclusão das obras do bairro social do Arco do Cego em Lisboa.

Dia 17 de setembro – O centrista católico Dinis da Fonseca declara: não somos contrários ao Parlamento, mas à sua forma atual.

Dia 21 de setembro – Promulgada nova lei fiscal em 21 de setembro (lei nº 1368), criando um imposto de transações, aquilo que então se chamou um imposto de vida cara (Marques Guedes). Salazar vai qualificar este diploma como o início de uma época nova. O diploma terá regulamento pelo decreto de 27 de janeiro de 1923.

Dia 29 de setembro – Publicada pastoral coletiva do episcopado sobre as desinteligências que ameaçam dividir o campo católico, declarando-se confiança na direção do CCP.

Dia 1 de outubro – III Congresso Operário Nacional na Covilhã. Aprovada a chamada carta orgânica do sindicalismo português, documento redigido pelo Professor Adolfo Lima.

Dia 3 de outubro – Crise cambial gera boatos alarmantes – Carta de Augusto de Castro a João Chagas: as circunstâncias do país, com a vertiginosa baixa cambial, o consequente encarecimento da vida, continuam a permitir a permanente inquietação de boatos alarmantes sobre a ordem pública.

Dia 7 de outubro – Assalto a jornais monárquicos – Assaltos aos jornais A Palavra Correio da Manhã.

Dia 21 de outubro – Criminalização dos lucros líquidos excessivos – Surge o decreto nº 8 444 sobre os lucros líquidos excessivos. Criada a Inspecção de Câmbios pelo decreto nº 8 442 de 21 de outubro.

Dia 26 de outubro – Regresso a Lisboa de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Dia 31 de outubro – Mussolini no poder em Roma – Começa a grande marcha fascista sobre Roma em 28 de outubro. Mussolini, primeiro ministro.

Dia 7 de novembro – Agitação em Lisboa. Mortos e feridos.

Dia 11 de novembro – Proclamação da República na Turquia.

Desordens em Ponta Delgada no final de novembro, por ocasião das eleições municipais.

Novembro – Remodelação governamental – Segunda fase do governo. Logo a seguir, na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, António Maria da Silva vê o seu candidato, João Luís Ricardo, derrotado, vencendo Sá Cardoso.

Dia 16 de dezembro – Congresso dos trabalhadores rurais em Évora.

Dia 26 de dezembro – Edital do Comissariado Geral dos Abastecimentos sobre o trânsito, aquisição e fiscalização de géneros de primeira necessidade.

Dia 30 de dezembro – Criada a URSS.

António Maria da Silva elogia António Lino Neto do CCP.

Remodelação governamental – Terceira fase do governo. Os que pouco antes haviam derrotado o candidato de António Maria da Silva não se conjugam para derrubar o governo. José Domingues dos Santos continua a ser o líder dos democráticos no parlamento.

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