Campos, Ezequiel de
1874 – 1965
SOBRE
Engenheiro pela Politécnica do Porto. Professor do Instituto Superior do Comércio e da Faculdade de Engenharia do Porto. Começa a carreira profissional como engenheiro de obras públicas em S. Tomé, de 1899 a 1911.
Deputado à Constituinte de 1911.
Ministro da agricultura no governo de José Domingues dos Santos, de 22 de novembro de 1924 a 15 de fevereiro de 1925. Era a novidade na equipa deste governo do cartel das esquerdas à portuguesa, trazendo Sarmento Pimental como chefe de gabinete. Assim, em 17 de janeiro chega a apresentar uma proposta de lei de organização rural.
Se A Batalha a considera como burguesa e comedida, ela sofre ataques de Nemo em A Época. Nela se previa o parcelamento das grandes propriedades agrícolas do Centro e do Sul, visando a constituição, em regime de propriedade privada, de unidades familiares.
Em 4 de fevereiro, no Senado, Ezequiel afirma que o problema de irrigação no Alentejo podia resolver-se com 250 000 libras tanto quanto custava sustentar meia dúzia de revolucionários civis, numa referência aos subsídios oficiais aos revoltosos do 5 de outubro. Profundo crítico do controlo estadual das subsistências, já em 26 de setembro de 1923, escrevia n’ O Primeiro de Janeiro: o governo pôs tabelas a tudo; andou a farejar os negócios ilícitos; proibiu o jogo; e fez o pão político. Mas a vida teimou em encarecer, a libra a subir em escudos, e a gente em concorrer às festas e romarias, como nunca. Depois do 28 de maio, foi nomeado ministro da agricultura e interino do comércio em 3 de junho de 1926, mas nunca tomou posse. Colaborador da Seara Nova, vincula-se ao salazarismo, sendo o precursor do lançamento das barragens hidro-elétricas. Procurador à Câmara Corporativa logo em 1935. Ver João Conde Veiga, Ezequiel de Campos. O Homem e a Obra, Porto, 1993.
Bibliografia:
[1911] Projecto de Lei da Utilização de Terrenos Incultos
[1913] A Conservação da Riqueza Nacional [Porto]
[1915] A Grei
[1918] A Evolução e a Revolução Agrária
[1923] A Crise Portuguesa. Subsídios para a Política de Reorganização Nacional[Com Quirino de Jesus]
[1922, 1928] Lázaro (Porto, 2 vols.)
[1924] Política (Porto, Maranus)
[1925] Proposta de Lei de Organização Rural
[1930] Prólogo à Organização do Trabalho Português
[1931] Para a Ressurreição de Lázaro
[1940] O Enquadramento Geo-Económico da População Portuguesa Através dos Séculos ( Lisboa, Edição da Revista Ocidente, 1943, 2ª ed. ampliada e revista. Começou por ser memória apresentada ao Congresso do Mundo Português, na secção sobre Ciências da População, realizada na Porto. Publicado na revistaOcidente entre 1941 e 1943).