Os efeitos do ano 1989 vão, entretanto, fazer sentir-se de forma existencial no quotidiano dos europeus. Primeiro, a reunificação alemã, concretizada em 3 de outubro. Depois, a tentativa de estabelecimento da casa comum europeia, principalmente com a reunião em Paris do CSCE, onde foi assinada a esperançosa Carta de Paris para uma Nova Europa (19 a 21 de novembro). Isto é, quarenta anos depois do discurso do Salon de l’Horloge, modificava-se radicalmente o terreno em que assentara o projeto europeu. A Europa dos Seis da Mitteleuropa, que apenas visava um duradouro tratado de paz entre os tradicionais rivais das margens do Reno e os países que naturalmente sofriam com essas aventuras bélicas, depois dos sucessivos alargamentos, primeiro, à Grã-Bretanha, à Irlanda e à Dinamarca, e depois, à Grécia, a Portugal e à Espanha, reparava agora que apenas era parcela da Europa. O gradualismo anterior marcado pela firme intenção de recusa da política de hegemonia, deparava-se agora com o fulgor de uma Alemanha renascida que pactava diretamente com Moscovo a retirada das forças soviéticas e que até tratava de reconhecer unilateralmente a Eslovénia e a Croácia, como sucedeu em 23 de dezembro de 1991, dois dias antes da bandeira soviética ser arreada no Kremlin. Bem tenta Mitterrand proclamar a necessidade de uma confederação europeia com Moscovo, conforme ocorreu numa reunião em Praga com intelectuais europeus, em junho de 1991. Mas é o próprio Havel que logo lhe responde, salientando que esse tipo de salto nunca pode ser concretizado sem a participação dos Estados-Unidos da América e do Canadá.

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