SOBRE

As primeiras aparições de Fátima ocorrem em 13 de maio de 1917, durante um governo de Afonso Costa. Em 13 de outubro ocorre o chamado milagre do sol, com a participação de cerca de 50 000 pessoas, acontecimentos relatados de forma imparcial pelo jornalista Avelino de Almeida no jornal Ilustração Portuguesa. A Igreja só as considera dignas de crédito em 1930. Por esta altura, dão-se em Portugal as aparições de Fátima: em 13 de maio (30 de abril do calendário russo), 13 de junho, 13 de julho, 19 de agosto, 13 de setembro e 13 de outubro. A 13 de julho (30 de junho do calendário russo), a aparição terá dito: se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados. O Santo padre terá muito que sofrer. Várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á à Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de Paz […[…]…]. As reticências incluídas constituem o chamado segredo de Fátima.

Em 31 de outubro de 1942, o Papa faz essa consagração à Rússia, proclamando: aos povos pelo erro e pela discórdia separados, nomeadamente àqueles que Vos professam singular devoção, onde não havia casa que não sustentasse a vossa Veneranda Ícone (talvez escondida e reservada para melhores dias), dai-lhes a paz e reconduzi-os ao único redil de Cristo, sob o único e verdadeiro Pastor. Sobre a matéria, J. Pedro, Fátima e a Conversão da Rússia, pp. 47 e 87, respetivamente. Por seu turno, o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, em 1951, proclamava: Fátima, Altar do Mundo, opõe-se a Moscovo, capital do Reino do Anticristo. Não é só coincidência das datas que tal sugere, é, sobretudo, oposição dos espíritos. Recorde-se que o cristianismo russo não é católico, apostólico romano.

Sublinhe-se que em 13 de julho os bolchevistas ainda não estavam no poder. Saliente-se que Portugal, nesse período de 1917, vive um processo particularmente traumático de fome, peste e guerra. Em 26 de janeiro, partia para França o primeiro contingente do Corpo Expedicionário Português. Em Maio atingia-se o ponto alto da crise das subsistências, ocorrendo em 12 de maio, em Lisboa, a chamada revolta dos abastecimentos. Ao mesmo tempo, dá-se um violento confronto entre o Estado republicano e a Igreja Católica, chegando a ser afastados das respetivas dioceses o bispo do Porto e o cardeal patriarca de Lisboa. O ano vai, aliás, terminar com a ascensão de Sidónio Pais ao poder, na sequência da revolta de 7 de dezembro. E com o sidonismo vai dar-se um abrandamento da participação portuguesa na Grande Guerra e uma diminuição da tensão entre o Estado e a Igreja. Isto é, o bolchevismo esteve para a Rússia, assim como o sidonismo esteve para Portugal.

A diferença talvez esteja entre o Mausoléu de Lenine e a Basílica de Fátima, semeadas na mesma altura, um em nome da Estrela Vermelha, outra consagrando Nossa Senhora de Fátima. As explicações racionalistas, de cepa físico-matemática, da história, mesmo que prenhes de hiperinformação, não conseguem ter a humildade de reconhecer mistérios, segredos e milagres. As consequências sociais e políticas parecem não alinhar com todos aqueles que pretendem explicar por causa-efeito o que talvez só possa ser compreendido pelos Fim que vêm depois do Fim.

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