Aquela forma de governo que não procura o consentimento nem a persuasão, mas a opressão e a violência, como já dizia Platão. Trata-se de um modelo que segue algumas das ideias de Xenofonte, o admirador de Esparta, que concebia, para Atenas, um governo militar.

São Tomás de Aquino

Tal como considera que a lei injusta não é propriamente lei, assim considera o tirano como o sedicioso, pelo que a luta contra o tirano (aquele que utiliza o poder no seu próprio interesse e não ao serviço do bem comum) não é sedição e a resistência à tirania é legítima. Salvo se da resistência resultar maior dano que a tirania ou se a tirania for considerada como justo castigo dos pecados cometidos pelo povo Mas a resistência é prerrogativa da comunidade que só através dos seus representantes qualificados pode cometer o tiranicídio, nunca podendo os particulares matar o tirano por sus própria iniciativa (teses contrárias à de João de Salisbúria (1110-1180) e de Juan Mariana (séc. XVI)

John Locke

Locke define a tirania como o exercício do Poder para além do Direito, onde o uso do Poder não é para o bem dos que lhe estão submetidos, mas para as vantagens privadas de quem o exerce. A vontade do detentor do poder passa a regra e os comandos e ações do mesmo não são dirigidas para a preservação das propriedades do respetivo povo, mas para a satisfação das paixões desse detentor. A tirania não afeta apenas a monarquia, mas qualquer outra forma de governo. Assim, onde o direito termina, a tirania começa.

Fernando Pessoa

Entre nós, Fernando Pessoa, em Cinco Diálogos sobre a Tirania, refere-a como o exercício de força; de força para obrigar alguém a fazer ou não fazer qualquer cousa; que é exercida em virtude de um princípio exterior ao individualismo tiranizado; que esse princípio não é por ele aceite; e que da aplicação desse princípio nenhum benefício, mediato ou imediato, para ele resulta.

Hannah Arendt

Para Hannah Arendt, na tirania o poder é destruído pela violência, onde a violência de um destrói o poder de muitos, gerando-se um Estado em que não existe comunicação entre os cidadãos e onde cada homem pensa apenas os seus próprios pensamentos e levando ao banimento dos cidadãos do domínio público, para a intimidades das suas próprias casas, exigindo-lhes que se ocupem apenas dos assuntos privados. Assim, a tirania privou as pessoas da felicidade pública, embora não necessariamente do bem-estar privado. O governo que não procura o consentimento, mas antes a opressão e a violência. — A teoria escolástica do tirano. Tirano que não tem título e tirano pelo modo como exerce o poder. O tiranicídio. Os monarcómacos. –Tirania ministerial,130,904

  • Boesche, Roger, Theories of Tyranny. From Plato to Arendt, University Park, The Pennsylvania State University Press, 1995.
  • Centre de Philosophie Politique et Juridique de L’Université de Caen, La Tyrannie, Caen, 1984.
  • Fishkin, James S., Tyranny and Legitimacy, New Haven, Yale University Press, 1979.
  • Strauss, Leo, On Tyranny. Including the Strauss. Kojève Correspondence, Victor Gourevitch, Michael S. Roth, eds., Glencoe, The Free Press of Glencoe, 1991.

Tirania da Maioria

  • Guinier, Lani, The Tyranny of the Majority. Fundamental Fairness in Representative Democracy, Glencoe, The Free Press of Glencoe, 1995.

Tirania do Statu quo

  • Friedman, Milton e Rose, Tyranny of the Status Quo, Nova York, Harcourt Brace Jovanovich, 1984.

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